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Passo-a-Rezar foi às periferias para gravações da Semana Santa

21 mar, 2016 - 14:55

Depois de vários anos a apostar em nomes mediáticos para dar voz aos textos do tríduo pascal, este ano os protagonistas serão um imigrante e uma doente.

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Cuca Roseta, Ricardo Carriço, Carla Rocha, Teresa Salgueiro e Luís Represas são apenas alguns dos nomes que ao longo dos últimos anos deram voz aos textos da Semana Santa do Passo-a-Rezar, um serviço dos jesuítas que propõe leituras e meditações para 10 minutos de oração por dia.

Este ano, contudo, a estratégia foi diferente. Um imigrante guineense e uma doente oncológica tomarão o lugar das vedetas das páscoas anteriores.

O padre jesuíta António Valério explica o que esteve por detrás da decisão. “Estamos em pleno Ano da Misericórdia, em que o Papa nos convida a ter uma atenção muito particular àqueles que são os mais frágeis, no fundo os que têm mais necessidade da nossa misericórdia, da nossa acção e da nossa oração. Por isso resolvemos convidar duas pessoas em situação de fragilidade, neste caso uma pessoa doente, e outra pessoa que é um imigrante, que também veio por razões de saúde e está a ser apoiado cá em Portugal.”

Ladislau Estanislau veio da Guiné para fazer hemodiálise em Lisboa, ao abrigo de um acordo da CPLP. Através de um amigo descobriu o centro de acolhimento do Serviço Jesuíta aos Refugiados, com a qual colabora e onde espera poder ir viver, caso haja vaga. Católico praticante, quando foi convidado a ler os textos do Passo-a-Rezar, não hesitou. “Sou solidário com o projecto. Naquilo que puder fazer, estou disponível. É um grande projecto”.

O seu papel passa por ler os textos bíblicos. As meditações propostas pelo Passo-a-Rezar ficam a cargo de Mariana Abranches Pinto, do Porto, doente de cancro que criou o grupo “Ao Terceiro Dia”, para ajudar pessoas portadoras de doenças graves e crónicas, que rezam e partilham a sua fé e as suas situações de vida.

“Somos um grupo de pessoas com duas coisas em comum muito importantes, a fé cristã e a partilha de uma vida com doença”, explica. “Duvido que haja alguém que passe por uma doença destas sem colocar a fé em questão, mas isso é bom. No início tive imensas dúvidas, será que é Deus que me envia esta doença? Tive imensas dúvidas, e continuo a tê-las, mas estou um bocado mais esclarecida, pelos livros que lemos. Porque as reuniões que temos são muito à base de leitura de livros sobre sofrimento em geral, espiritualidade e doença e temos muitos convidados por isso vamos ficando todos mais esclarecidos”.

“Acabamos por experimentar um pouco a paixão de Cristo. Quando estou mais em baixo penso muito que Jesus também passou por isto e sinto muito ‘não tenhas medo’. Os problemas podem não desaparecer, mas ganham sentido. O sofrimento é transfigurado”, acrescenta.

As meditações do Passo-a-Rezar podem ser acedidas através do site, ou então descarregadas através de aplicações para dispositivos móveis. Diariamente acedem a estas meditações mais de 12 mil pessoas.

Este assunto foi o destaque da edição de domingo do programa Princípio e Fim, com edição de Ângela Roque.

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