16 mar, 2016 - 10:17
O Papa lembrou esta quarta-feira os refugiados e deslocados que vivem “uma situação real e dramática de exílio” e criticou o “fechar de portas “ perante o sofrimento de quem está “longe de sua terra natal, com os olhos ainda sob os escombros de suas casas e muitas vezes o medo no coração”.
“Muitos dos nossos irmãos estão a viver neste momento uma situação real e dramática do exílio, longe de sua terra natal, com os olhos ainda sob os escombros de suas casas e muitas vezes o medo no coração – e infelizmente, ainda a dor a perda de entes queridos!”, apontou Francisco.
“Nestes casos, pode-se perguntar, onde está Deus? Como é que tanto sofrimento se abate sobre homens, mulheres e crianças inocentes quando procuram entrar noutro lado, lhes fecham a porta, porque muitas portas e muitos corações estão fechados”, lamentou o Papa na audiência-geral desta quarta-feira, em Roma, em vésperas de mais um Conselho Europeu que vai discutir a questão dos refugiados.
Francisco diz que é preciso não ceder ao desespero e confiar que Deus não abandona quem nele confia. "O profeta Jeremias dá-nos uma primeira resposta: o povo exilado pode voltar a ver a sua terra e a experimentar a misericórdia do Senhor. É um grande anúncio de consolação: Deus não está ausente, nem hoje, nem nestas as situações dramáticas. Deus está próximo e faz obras de salvação em quem confia nele. Não se deve ceder ao desespero", sublinhou Francisco.
Papa vai lavar pés a refugiados
O Papa vai lavar os pés a 12 refugiados na Quinta-feira Santa, foi anunciado na terça-feira. Francisco irá a um centro de acolhimento de refugiados em Roma, embora ainda não tenha sido divulgado qual, para levar a cabo este gesto que é próprio da liturgia de Quinta-feira Santa, recordando o momento da Última Ceia em que Jesus lavou os pés aos seus discípulos.
Esta é mais uma forma de Francisco se mostrar próximo dos refugiados, numa altura em que a Europa procura soluções para a onda de migrantes que tentam entrar no seu território, mas poucos países parecem dispostos a acolhê-los.
Desde o início desta crise – agravada pela situação no Médio Oriente, nomeadamente na Síria que está em guerra há precisamente cinco anos – que o Papa tem falado do assunto.
A sua primeira visita pastoral enquanto Papa foi à ilha de Lampedusa, onde existe um centro de acolhimento de refugiados. Também na sua visita à Turquia Francisco fez questão de se encontrar com jovens refugiados que lá viviam. Mais recentemente fez o mesmo na República Centro-Africana.