09 mar, 2016 - 09:08
As mulheres deixaram de ignorar as situações em que são alvo de assédio sexual no trabalho. A conclusão é revelada num estudo promovido pela Comissão para a Igualdade no Trabalho.
A investigação desenvolvida pelo Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (CIEG) e o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) revela que Portugal ainda é dos países com mais casos, mas também que o cenário é hoje melhor do que, por exemplo, em 1989.
Nesse ano, 34,1% mulheres admitiram ter sido alvo de assédio sexual no local de trabalho. No ano passado, apenas 14,6%. E as visadas reagiram de imediato e com desagrado, enquanto no final da década de 80, quase metade das mulheres alvo de assédio sexual faziam de conta que não reparavam.
Em pouco mais de 25 anos, as mulheres passaram da passividade ao repúdio face aos olhares insinuantes, e-mails, sms ou em relação aos contactos físicos mais ostensivos.
Uma em cada três vítimas de assédio confrontaram os autores, exigindo que não se repetisse.
Outro dado: em 1989, os principais autores de assédio sexual eram colegas, seguidos dos superiores hierárquicos. Agora são os chefes quem mais assedia e não apenas sexualmente.
Nos casos de assédio moral, predominam os comportamentos de intimidação e perseguição e os alvos são quase sempre trabalhadores com vínculos precários. Também aqui, as vítimas são sobretudo mulheres, segundo o estudo "Assédio Sexual e Moral no Local de Trabalho em Portugal".
O documento mostra ainda que os números do assédio sexual e moral "são muito expressivos e superiores aos que se verificam na média dos países europeus", já que atingem em Portugal 12,6% da população activa, enquanto na média dos países europeus o valor ronda os 2%. No assédio moral, a relação é de 16,5% para Portugal e 4,1% na média dos países europeus.