03 mar, 2016 - 00:00 • Maria João Costa
Nascida em Espanha, Isabel de Aragão tinha 12 anos quando casou por procuração com o rei português D. Dinis. O casamento foi formalizado numa celebração em Trancoso, pouco depois de Isabel passar a fronteira portuguesa. Conhecida como a rainha da paz por ter evitado um conflito que opunha o seu marido ao filho, Isabel foi como peregrina a Santiago de Compostela, na Galiza, em Espanha, quando ficou viúva. Ali terá deixado como oferta muitos dos seus bens pessoais.
Parte do espólio que subsistiu é agora mostrado no Museu Nacional de Arte Antiga. Trata-se do chamado “Tesouro da Rainha Santa”, que fazia parte do “acervo particular” da monarca, indica António Filipe Pimentel. O director do Museu de Lisboa descreve as cinco peças expostas como “obras notáveis de ourivesaria medieval” e “peças que têm valor histórico e artístico”. Ao olhar do público são agora revelados um relicário, vindo de Aragão; o bordão, prova da peregrinação da Rainha a Compostela; a cruz processional em jaspe, material veneziano; a imagem-relicário da Virgem com o Menino e o colar composto por elementos retirados da coroa da D. Isabel.
A rainha, sobre a qual foi criada uma lenda de santidade devido a diversos milagres, foi beatificada em 1516 pelo Papa Leão X e canonizada como Santa pelo Papa Urbano VIII. É por isso conhecida como Rainha Santa Isabel. Padroeira de Coimbra, Isabel recolheu-se ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha depois da morte do rei D. Dinis.
A enriquecer a exposição que agora é mostrada no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa estão dois quadros, um deles um Zurbarán, que veio do Museu do Prado em Madrid, e outro que veio da Alemanha. Ambos ilustram “o processo de beatificação e de canonização”, indica o director António Filipe Pimentel.
O tesouro da Rainha do Milagre das Rosas é uma exposição que resulta do trabalho do Museu Nacional de Arte Antiga, com o Museu Nacional Machado Castro de Coimbra e a Confraria da Rainha Santa Isabel e que tem como subtítulo “Imagem e Poder”.
Segundo o director António Filipe Pimentel, este “binómio” resulta da “imagem que Isabel cria em vida que é simultaneamente de um aura que rodeia a soberana e uma imagem no sentido iconográfico porque a partir do túmulo ela cria um retracto de despojamento”.
A exposição sobre o Tesouro da Rainha santa Isabel pode ser visitada até 19 de Junho na sala do tecto pintado do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.