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​Cimeira prolonga-se para salvar UE da saída britânica

19 fev, 2016 - 14:40

Destaque esta sexta-feira para Bruxelas onde está a decorrer a Cimeira Europeia e as negociações com o Reino Unido. Ainda neste programa, fazemos um diagnóstico ao estado de saúde da União Europeia com o embaixador Francisco Seixas da Costa, quando se assinalam 30 anos do Acto Único Europeu.

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Visto de Bruxelas (19/02/2016)

Dia marcado pelas intensas negociações em Bruxelas, para tentar um acordo que garanta a permanência do Reino Unido na União Europeia.

Vasco Gandra, correspondente da Renascença na capital europeia, descreve como, durante toda a madrugada, houve reuniões bilaterais que foram retomadas esta manhã. Certo é que o impasse mantém-se.

David Cameron disse esta manhã que só fará um acordo se conseguir o que o Reino Unido precisa e ficamos a saber quais são as exigências de que Londres não quer abdicar. Isto numa altura em que a França e a Alemanha já disseram que não aceitam que países fora do euro possam vetar decisões sobre a moeda única.

Seixas da Costa analisa “estado da União”

Esta semana, assinalam-se os 30 anos da assinatura do Acto Único Europeu, que alterou as regras de funcionamento das instituições europeias e alargou as competências nomeadamente no âmbito da investigação e desenvolvimento, do ambiente e da política externa comum. Em entrevista à Renascença, o embaixador Francisco Seixas da Costa diz que 30 anos depois, a União Europeia atravessa um período crítico porque não tem bons líderes para responder aos problemas dos cidadãos. Na conversa com o jornalista André Rodrigues, o antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus faz uma análise muito crítica ao actual estado da União Europeia.

“Brexit” quase ofusca crise migratória

Neste Conselho Europeu em Bruxelas, os líderes estiveram ontem à noite à mesa do jantar a discutir a crise migratória. Uma conversa que durou seis horas. Mas o que ficou decidido foi marcar para o próximo mês uma Cimeira extraordinária com a Turquia para tentar resolver a crise dos refugiados.

Refugiados com potencial para as economias locais

A Comissão Europeia acredita que os refugiados podem ajudar a economia local, porque são pessoas com competências que não devem ser desperdiçadas e com a vantagem de terem menos aversão ao risco. São características que já estão a despertar o interesse de organizações patronais, que querem incutir a noção de empreendedorismo nestas pessoas que procuram fugir à guerra, à miséria e querem uma vida nova na “Europa das oportunidades”.

Antoine Savary, da Direção Geral das Migrações e Assuntos Internos, aponta as principais condições necessárias: “Primeiro, têm que lhes dar a possibilidade de aprender a linguagem do país de acolhimento. Têm de criar um ambiente positivo, que lhes permita serem empreendedores. Têm de facilitar o acesso ao microcrédito, o acesso a financiamento, em geral. Têm de avaliar as aptidões deles e, eventualmente, providenciar a formação que precisem para montar o negócio, por exemplo em gestão e finanças. E também cortar a fita vermelha, claro, que é valido para os refugiados e para os cidadãos da União Europeia”.

Bruxelas sublinha ainda os benefícios para os países que acolhem os refugiados, uma vez que são pessoas com mais disponibilidade para assumir riscos: “Os refugiados podem ter vantagens em tornar-se empreendedores. Têm competências, claro, mas estão mais disponíveis para criar empresas e assumir riscos”, afirma Antoine Savary.

Já existem manifestações públicas de interesse em aproveitar as competências e vontade dos refugiados e ajudá-los a montar um negócio próprio. É o caso da União da Confederação das Empresas do Mediterrâneo, como avança a secretária geral, Jihen Boutiba Mrad: “Representamos os empregadores, o sector privado, penso por isso que estamos bem posicionados para ajudar os refugiados empreendedores. Temos a Síria, a Palestina, a Líbia, a maioria dos países que têm problemas. Seria muito bom se tivéssemos fundos, precisamente, para ajudar estas pessoas a tornarem-se empreendedores. Ajudá-los com contactos, inscrições, mentores, apresentá-los a outros refugiados que passaram pelos mesmos problemas, nos anos 30 e 70”.

Jihen Boutiba Mrad explica que os fundos seriam gastos em logística, informação e formação: “Descobrir quantos empreendedores existem, quais as habilitações, avaliá-los, separá-los em categorias, enquanto empreendedores ou não. Alguns podem já ter sido empreendedores nos países de origem. É fácil para eles, talvez exista apenas a barreira da língua. Mas, por exemplo, na Tunísia os empresários que contratem novos licenciados não pagam impostos. Esta é talvez uma forma de recrutar empreendedores”, afirma.

Crise dos refugiados já passou para o cinema

“O Julgamento – Fronteira e Esperança” que estreou esta semana em Lisboa, conta a história de um homem desempregado que é forçado a contrabandear refugiados para sobreviver.

A história passa-se na fronteira entre a Turquia, Bulgária e Grécia e mostra como a crise de refugiados começou a acontecer muito antes de atingir o pico actual. A jornalista Catarina Santos conversou com o realizador búlgaro e a conversa merece destaque no programa de hoje.

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