12 fev, 2016 - 22:43 • Aura Miguel , em Havana
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O Papa Francisco e o Patriarca Kirill de Moscovo apelam à comunidade internacional que proteja os cristãos que estão a ser perseguidos e "exterminados" no Médio Oriente e em algumas regiões de África.
A declaração conjunta foi divulgada após o primeiro encontro da histórico entre os dois líderes religiosos, que decorreu esta sexta-feira, em Havana, Cuba.
“Em muitos países do Médio Oriente e do Norte de África, famílias inteiras, cidades e aldeias dos nossos irmãos e irmãs em Cristo estão a ser completamente exterminadas”, alertam Francisco e Kirill.
“As suas igrejas estão a ser barbaramente devastadas e saqueadas, os seus objectos sagrados profanados, os seus monumentos destruídos”, lamentam o Papa e o Patriarca de Moscovo.
“Na Síria, no Iraque e noutros países do Médio Oriente,
constatamos, com amargura, o êxodo maciço dos cristãos da terra onde começou a
espalhar-se a nossa fé e onde eles viveram, desde o tempo dos apóstolos, em
conjunto com outras comunidades religiosas.”
Nesta declaração com três dezenas de pontos, distanciam-se das “antigas disputas do ‘Velho Mundo’” e frisam: “Sentimos mais fortemente a necessidade dum trabalho comum entre católicos e ortodoxos”.
“Conscientes da permanência de numerosos obstáculos, esperamos que o nosso encontro possa contribuir para o restabelecimento desta unidade querida por Deus, pela qual Cristo rezou.”
Francisco e Kirill “deploram o conflito na Ucrânia” e apelam às partes envolvidas que deponham as armas e trabalhem com vista à “solidariedade social e à actividade de construir a paz”.
Convidam, também, as igrejas da Ucrânia a trabalharem em conjunto, para que seja possível “chegar à harmonia social”. Devem “abster-se de participar no conflito e não apoiar posteriores desenvolvimentos do mesmo”. Leia aqui (versão PDF) a declaração conjunta do Papa Francisco e do Patriarca Kirill de Moscovo.
"Falámos como irmãos"
Em declarações no final do encontro de Havana, Francisco revelou que manteve com o líder ortodoxo uma conversa de “irmãos”, da qual resultarão iniciativas.
“Falámos como irmãos, temos o mesmo baptismo, somos bispos. Falámos das nossas igrejas, coincidimos em que a unidade se faz caminhando. Falámos claramente e sem meias palavras. Saímos daqui com uma série de iniciativas que creio que são viáveis e que poderão realizar-se.”
O Patriarca Kirill sublinhou que o encontro desta sexta-feira “permite assegurar que, actualmente, as duas igrejas podem cooperar conjuntamente, defendendo os cristãos em todo o mundo e, com plena responsabilidade, trabalhar conjuntamente para que não haja guerra e para que as vidas humanas sejam respeitadas em todo o mundo”.
O Papa Francisco deixou ainda uma palavra de agradecimento a Cuba, ao seu “grande povo” e ao Presidente Raul Castro.
“Agradeço a sua disponibilidade activa. Se continua assim, Cuba será a capital da unidade”, declarou Francisco.
Francisco e Kiril estiveram reunidos durante cerca de duas horas, no salão do protocolo do aeroporto de Havana, o primeiro entre os primados da igreja católica e ortodoxa desde a cisma de 1054.
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