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Manuela Ferreira Leite: “Partidos transformaram-se em agências de emprego"

12 fev, 2016 - 18:06

Os dois comentadores originais do programa "Falar Claro", Manuela Ferreira Leite e João Cravinho, voltaram à Renascença no OpenDay da rádio.

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Ferreira Leite. “Partidos transformaram-se, maioritariamente, em agências de emprego”
Ferreira Leite. “Partidos transformaram-se, maioritariamente, em agências de emprego”

Foi a 5 de Março de 2001 – o dia a seguir à queda da Ponte de Entre-os- Rios – que Manuela Ferreira Leite e João Cravinho se encontraram, pela primeira vez, nos estúdios da Renascença para o programa "Falar Claro". Quase 15 anos depois, voltaram à rua Ivens, no Chiado, para lembrar os anos de debate que tiveram de fazer um “Falar Claro” especial em que lamentaram a falta de valores na política actual.

“Tivemos uma vivência política muito ligada a uma ideologia, a princípios, a valores que, de forma absolutamente altruísta, nós defendemos. Esse tempo passou, vai passando à medida que vamos desaparecendo”, afirmou Ferreira Leite. “A maioria das pessoas que neste momento está nos partidos não sabe o que é isso da ideologia, dos princípios e dos valores porque não conheceram o que era a falta deles”.

A ex-ministra e ex-líder do PSD diz mesmo que “os partidos transformaram-se, maioritariamente, em agências de emprego”. E acrescenta: “Neste momento tenho sempre sérias dúvidas quando vejo um jovem muito interessado nos partidos. Nunca percebo bem se está aí porque está a defender um princípio e um valor no qual acredita… digo isto pela simples razão de que se esses valores e princípios forem abandonados não vejo ninguém levantar a voz.”

Para João Cravinho, o carreirismo é um dos problemas da política actual. “A democracia tem de facto como um dos problemas sérios, que resultam do próprio desenvolvimento do sistema democrático, a funcionarização, a transformação de políticos em funcionários”, afirmou o ex-ministro, ressalvando que não diz que todos os políticos sejam carreiristas, “mas há um primado da carreira”.

João Cravinho e Ferreira Leite foram os primeiros participantes do debate Falar Claro que, ainda hoje, continua a ir para o ar às segundas-feiras na Renascença. Os actuais comentadores habituais são Vera Jardim e Morais Sarmento, num programa actualmente moderado por José Pedro Frazão.

O primeiro moderador foi Paulo Magalhães, actualmente na TVI, mas que também entrou no programa desta sexta-feira, recordando alguns episódios dos debates entre Ferreira Leite e Cravinho. Lídia Magno e José Manuel Castro Moura foram os outros jornalistas que também foram responsáveis pelo Falar Claro. Um programa que, como disse no especial desta sexta-feira, deu a João Cravinho a ideia da importância da rádio.

“Confirmei, amplamente, através deste programa que era um programa muito ouvido e surpreendentemente para mim havia pessoas que me abordavam e falavam”, disse João Cravinho, defendendo que “o debate político só ganha com a pluralidade, não só de opiniões, mas também e meios, porque meios diferentes atingem públicos diferentes”.

Comentários
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  • GORDA
    04 mai, 2017 SAO JOAO DEL REY 13:50
    legal demais
  • Eduardo Vieira
    16 fev, 2016 Maia 13:22
    Eu e milhões de portugueses pensam o mesmo. Excepção mesmo, só aqueles que se inscreveram no partido e, de ficha na mão, aguardam a chamada da sua vez, como nos hipermercados.
  • Nanoock
    14 fev, 2016 Feijó 23:57
    O comentário feito pelo meu anterior de nome LUÍS é perfeito e nada mais se pode dizer. Repetiria todas as palavras escritas, são transparentes e a infeliz realidade deste País e desta classe política... Cá está a sociedade média e trabalhadora a carregar com o peso morto de toda essa gente imbecil, incompetente e sem qualquer qualidade que se acoitou no poder. É por tudo isto, que a nossa infelicidade vai continuar por mais anos..., com muitos heróis antepassados a dar voltas no túmulo, pela desgraça que caiu sobre esta antiga Lusitânia! Gente com qualidade e responsável, observando esta conturbação, de modo algum se chega à frente e é por isso, que o ardina sem formação, hoje é presidente da junta de freguesia..., o calceteiro, se candidata a presidente da república, o vigarista aplica seus golpes sem dó nem piedade em actos de corrupção, que passam impunes..., observando os exemplos que vêm de cima... O poder ocupado por incompetência, jamais dão exemplos formativos ao povo contribuinte...
  • maria jose vale
    13 fev, 2016 lisboa 20:32
    é só para confirmar o que o LUIS disse concordo e estes dois velhos políticos, se o País está como está também lhes deve muito, contribuíram muito para esta desgraça toda, eu com os meus 75 anos intensamente vividos tenho uma enorme fé e esperança nos JOVENS
  • Luis
    12 fev, 2016 Lisboa 19:48
    Que são uma autêntica agência de empregos é sabido de há muitos anos a esta parte. Poderiam ao menos, como agências de empregos que são, terem bons departamentos de recursos humanos de forma a seleccionar pessoal qualificado, competente e honesto. Pelos vistos não têm, pois a maioria das boyadas é constituida por xicos espertos, incultos, ignorantes, desonestos,imbecis sem qualquer qualificação e sem qualquer moral. Basta ver a AR que muitas vezes parece um circo e outras um jardim zoologico. Ali existe de tudo e de muito pouca qualidade. Alguns até ainda assobiam quando falam e quando abrem a boca para largar meia duzias de imbecilidades até se esquecem que estão a ser vistos por centenas de milhares de cidadãos que com muito suor, sangue e lágrimas lhes pagam o ordenadito ao fim do mês. É extremamente degradante aquilo a que muitas vezes se assiste na AR. Temos a classe politica mais ranhosa de toda a Europa civilizada.

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