02 fev, 2016 - 13:39
A Jordânia não poderá acolher mais refugiados a não ser que os países ocidentais se comprometam a ajudar o país, diz o Rei Abdullah.
Dias antes de uma conferência em Londres, onde entre outras coisas se vão analisar as ajudas financeiras para tentar fazer frente à crise espoletada pelas guerras no Médio Oriente, incluindo a guerra na Síria, o monarca deu uma entrevista à BBC onde lamenta que a hospitalidade que o seu país tem dado a refugiados nas últimas décadas não possa continuar.
“Pela primeira vez, não vamos poder continuar”, alertou o monarca, sublinhando a enorme pressão de que sofrem os serviços sociais do seu estado, onde entre 20 e 30% da população já é constituída por refugiados.
Um dos problemas é o facto de apenas uma ínfima parte dos refugiados recém-chegados, na sua maioria sírios, terem autorizações de trabalho, pelo que os que não conseguem emprego no mercado negro dependem inteiramente de subsídios. Dar mais permissões é um risco, diz o Rei.
“Psicologicamente, o povo jordano está num ponto de saturação. Isto está a prejudicar o nosso sistema de educação e de saúde. Mais cedo ou mais tarde a barragem vai ceder e esta semana será muito importante para os jordanos verem se vai haver ajuda, não só para os refugiados sírios, mas para o seu próprio futuro também.”
A Jordânia começou a receber refugiados logo depois da formação do Estado de Israel, quando mais de 700 mil palestinianos procuraram asilo nos países vizinhos. A esmagadora maioria nunca mais voltou. Desde então houve novas vagas de refugiados palestinianos e mais tarde centenas de milhares de iraquianos fugiram do caos em que o seu país estava mergulhado, encontrando refúgio na tranquila Jordânia. A mais recente crise na Síria veio agravar a situação e estima-se agora que até um terço de toda a população da Jordânia seja composta por refugiados.
A conferência em Londres está marcada para quinta-feira e contará com a presença de diversos países, tanto do Médio Oriente como do Ocidente.
Mais de um milhão de migrantes chegaram à Europa no ano passado, naquela que é a pior crise migratória, nesta região, desde a Segunda Guerra Mundial, dos quais 27% são crianças, estima a Europol. Segundo os dados da agência de polícia europeia, mais de dez mil crianças não acompanhadas desapareceram na Europa entre 18 e 24 de Dezembro passado, adiantou que, em 2015.