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Vida Consagrada “não é para ser badalada e publicitada. É dom, graça e profecia”

02 fev, 2016 - 10:52 • Olímpia Mairos

O Ano da Vida Consagrada termina esta terça-feira, dia em que a Igreja celebra o Dia do Consagrado. Em entrevista à Renascença, D. José Cordeiro, membro da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, faz um balanço positivo da iniciativa que valorizou a relação e a comunhão dos vários carismas.

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Chega ao fim esta terça-feira o Ano da Vida Consagrada. A iniciativa foi anunciada pelo Papa Francisco, a 29 de Novembro de 2013, no final de um encontro com os Superiores Gerais dos Institutos Religiosos em Roma, e inseriu-se no contexto da celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, e da publicação do decreto “Perfectae Caritatis” sobre a conveniente renovação da Vida Religiosa, que dele saiu.

Para D. José Cordeiro, membro da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, “a maior grandeza deste ano é a relação e a comunhão dos vários carismas e de entenderem que há um só carisma”.

Que balanço se pode fazer do Ano da Vida Consagrada?

O Ano da Vida Consagrada foi uma oportunidade feliz e muito positiva para uma consciência maior da consagração inteira e total ao evangelho, além da consagração baptismal que todos os fiéis vivem.

A celebração do Ano da Vida Consagrada veio tornar mais visível o dom e a graça, a profecia e a gratidão por milhares e milhares de homens e mulheres nos vários contextos, de todos os continentes e de todas as realidades eclesiais que vivem e participam da missão e da vocação da Igreja pela profissão dos conselhos evangélicos.

A vida consagrada não é para ser badalada, publicitada, mas é para ser vivida no silêncio da Palavra, isto é, são os portadores por gestos e por palavras daquilo que é o Evangelho vivo e só nesse sentido é que tem expressão este ano, com todas as iniciativas e actividades que se realizaram. Mas esse é sempre o perigo de qualquer programa pastoral, de qualquer jubileu, de qualquer ano, como este da vida consagrada: ficar muito concentrado em actividades, em iniciativas e perder o seu fio condutor mais abrangente e perder a sua expressão maior que é o de ajudar a tomar consciência desta grandeza e desta profundidade de dar inteiramente o seu coração e a sua vida ao serviço do Evangelho.

As Ordens, Congregações e Institutos aproveitaram este ano para se valorizarem e darem a conhecer os seus carismas?

A maior grandeza deste ano é a relação e a comunhão dos vários carismas e de entenderem que há um só carisma, que é a graça que Deus dá pelo baptismo e que é nutrida pelos sacramentos, pela escuta da Palavra de Deus, pela oração pessoal e comunitária, pela prática do bem e que esse carisma é vivido consoante aquilo que Deus foi suscitando ao longo da história, escolhendo algumas pessoas que fundaram essas tais comunidades e lhe deram rosto na fidelidade ao evangelho e à vida concreta da Igreja.

A vida consagrada não se pode avaliar só pelo número dos institutos de vida consagrada ou pelo número das pessoas consagradas, porque isto não é uma questão de estatística, é uma questão de vida, de testemunho desta expressão do Evangelho vivo no hoje, no aqui e agora da história.

A Igreja, os cristãos, tiveram, ao longo deste ano, um maior conhecimento da Vida Consagrada?

Concretamente aqui, na diocese de Bragança-Miranda, no programa que foi apresentado para este ano, e na abertura deste ano da vida consagrada que fizemos juntos na catedral, nos vários encontros que fazemos em torno do dia 2 de Fevereiro, o dia do consagrado também aqui celebrado na nossa diocese, como iremos fazer em Bragança e em Macedo de Cavaleiros, deu a oportunidade de um maior conhecimento, de uma maior proximidade com todos os cristãos e de um modo especial com os mais jovens.

Verificamos nesta velha Europa que também há uma mudança do conceito de vida consagrada e do seu modelo clássico. Vemos muitos movimentos e muitas novas comunidades eclesiais terem homens e mulheres consagrados no seu seio com um estilo de vida muito diferente, mas mantendo aquilo que é o específico da vida consagrada.

Esta entrevista foi emitida no passado domingo, no programa “Princípio e Fim”, da Renascença.

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