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Reposicionar o PSD. Morais Sarmento propõe “discussão de ideias” no próximo Congresso

26 jan, 2016 - 03:04 • José Pedro Frazão

Morais Sarmento diz que o lugar de Passos não está em perigo, mas é tempo de tirar lições no PSD. A eleição de Marcelo é saudada pelo seu companheiro de partido. Vera Jardim considera que o Governo de António Costa não deve recear Marcelo em Belém.

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PSD. Morais Sarmento propõe “discussão de ideias” no próximo Congresso
PSD. Morais Sarmento propõe “discussão de ideias” no próximo Congresso

A liderança de Pedro Passos Coelho, no PSD, não está em causa e o próximo congresso é uma “oportunidade como poucas” para discutir ideias e preparar o futuro, defende o social-democrata Nuno Morais Sarmento.

Na edição desta semana do programa “Falar Claro” da Renascença, o antigo dirigente do PSD considera que no congresso de 1 e 2 de Abril, “porque não está em causa a discussão de liderança, não há nenhuma desculpa para não se fazer a discussão de ideias”.

“É uma oportunidade que o PSD tem, como poucas, precisamente por não estar em causa uma disputa de liderança, de discutir ideias, de tirar lições do tempo passado e preparar-se para os desafios futuros.”

Questionado sobre a apresentação de moções de estratégia que não impliquem propostas alternativas de liderança do PSD, Morais Sarmento não abre o jogo.

“Não é uma questão de alternativa de coisa nenhuma. É uma questão do partido, no seu conjunto, discutir, reflectir, reposicionar-se e aproveitar este tempo em que a pressão do Governo está onde está, em que a disputa da liderança não se coloca no PSD, para fazer… É por aí que temos de começar. Os processos não se começam pelo telhado - isso é começar pela mudança de liderança -, começam-se pelos alicerces e os alicerces são as ideias e as razões que nos devem levar a esse combate”, afirma o antigo ministro do PSD.

Reafirmando que a liderança de Passos Coelho não está em causa, Nuno Morais Sarmento insiste que a possibilidade de eleições antecipadas durante o ano de 2016 “continua tão válida como anteriormente, não por Marcelo, mas provavelmente mais pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda, face aos resultados destas eleições presidenciais”. O militante social-democrata acredita que o PCP “não vai ficar quieto com o resultado destas eleições. Vai ter que radicalizar”.

Marcelo, Presidente livre

O antigo ministro do PSD saúda a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa para a Presidência da República, sublinhando a independência do candidato vencedor das eleições deste domingo.

“Nunca, em termos conceptuais, tivemos um Presidente da República tão livre como Marcelo Rebelo de Sousa, salvo Ramalho Eanes na segunda fase”, afirma Morais Sarmento na Renascença.

Recordando o percurso do ex-comentador político, Morais Sarmento evoca dois momentos na área de centro-direita.

“Marcelo Rebelo de Sousa foi candidato conseguindo secar, levar à não candidatura ou à desistência todos aqueles que, à direita, tinham essa intenção. Num momento inicial, é candidato contra a vontade do líder do seu partido, então primeiro-ministro. É bom perceber o caminho que ele faz. E numa campanha absolutamente diferente do que até hoje vimos e que teve, apenas e só, a presença de Marcelo e que não teve qualquer construção ou estruturação à volta, olhando para o mapa, Marcelo ganha 293 dos 308 concelhos do país”, assinala o comentador social-democrata no debate politico semanal com Vera Jardim.

Costa sem receio de Marcelo

O antigo ministro da Justiça espera que Marcelo Rebelo de Sousa seja um presidente “colaborante, que quer a estabilidade”, sublinhando a predisposição do Presidente eleito para aprovar o Orçamento do Estado.

Vera Jardim concorda que a eleição de Marcelo não é vista com maus olhos pelo Governo. “Não é um candidato de que se tenha, à primeira vista, receio”, assegura o socialista.

Para Nuno Morais Sarmento, a possibilidade de uma segunda volta traria mais potencial de conflito com António Costa “como primeiro-ministro que tinha estado com o candidato oposto ao eu tinha sido eleito”.

O antigo ministro do PSD observa uma intenção da direcção do PS de dar gás a uma candidatura e boicotar outra candidatura.

“Se me perguntarem de onde vem aquela história da subvenções [vitalícias dos políticos], eu acho que não foi… Não sei [de onde veio], mas foi a Marisa? Não sei se a Marisa Matias, na altura, estava assim tão preocupada com a Maria de Belém”, remata Morais Sarmento.

Comentários
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  • Vasco
    26 jan, 2016 Santarém 22:36
    NO PSD deve-se repensar tudo o que esteve mal e bem no anterior governo que convém não esquecer que esteve forçado a governar sob o comando da troika e das suas exigências e que a economia do país não permitia espaço para aventuras como muitos desejariam, no entanto agora seria a oportunidade de fazerem um pouco mais uma vez livres da troika não fosse o golpe do senhor Costa, no entanto agora é tempo de repensar, de procurar novas ideias bem fundamentadas, de se abrirem um pouco mais à sociedade e saber junto do povo as suas aspirações e procurarem desde já ir formando uma equipa de gente competente e transparente para um possível governo que quanto a mim só deveria fazer parceria com o CDS e jamais com o PS seja qual for o seu líder pois pelos vistos pautam sempre pela trafulhice e jamais aceitarem formar um governo minoritário.
  • Manuel Menezes
    26 jan, 2016 Lisboa 09:07
    A eleição de Marcelo prova que "o povo" não quer ou deixa de querer "uma frente de esquerda". Esta eleição mostra que não existem ressentimentos contra sociais-democratas, desde que estes transmitam uma mensagem de esperança e confiança. Ou seja, precisamente o oposto daquilo que Passos e Gaspar se entretiveram a cultivar durante tanto tempo, parecendo ter gozo em espicaçar e castigar os cidadãos que não tinham culpa nenhuma da situação vivida. Por esse grosseiro erro de estratégia, hoje temos o PS no governo, com os perigos que isso significa para a economia. Espero que possam retirar alguma lição destas duas eleições e do que se pretende de um partido social-democrata que até há pouco era o partido de todos os portugueses, independentemente da classe ou profissão.
  • 26 jan, 2016 Lisboa 08:41
    o PSD com o abandono da social democracia e com a instauração por estes boys do liberalismo selvagem corre o risco de lhe acontecer o mesmo que ao PCP desaparece, pouca gente já não se reconhece neste liberalismo selvagem e começa a desacreditar-se da politica e veja-se a abstenção destas ultimas eleições.

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