14 dez, 2015 - 07:44
Cada vez mais crianças estão a ser tratadas com antipsicóticos e outros remédios psiquiátricos habitualmente prescritos a adultos com doenças graves do foro mental. Os médicos alertam para o excesso de medicação em casos de hiperactividade e défice de atenção, com recurso a substâncias para tratar esquizofrenia.
No ano passado, foram vendidas mais de 270 mil embalagens de Metilfenidato (ritalina), mais 30 mil do que em 2013. O medicamento é receitado sobretudo nos hospitais públicos e em clínicas privadas (39%) a crianças e adolescentes (entre os 5 e os 19 anos) e os números têm vindo a aumentar, sobretudo desde 2010, mostra o relatório do Infarmed, citado pela notícia do “Diário de Notícias”.
"Estou preocupadíssima com essa tendência, que já é muito expressiva em Portugal. Qualquer dia as crianças são como robôs medicados", disse ao jornal a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos.
"Muitos destes remédios não estão adaptados a um cérebro em
crescimento" como o das crianças. Cada vez mais as patologias dos miúdos
têm que ver "com o medo e o stress dos pais", numa sociedade que vive
"com mais sofrimento do que prazer. As crianças reagem atacando-nos", explica a especialista.
O recurso crescente a estes fármacos com efeitos sérios no desenvolvimento está a preocupar os médicos, pois algumas crianças têm dois anos ou menos e são diagnosticadas como hiperactivas, com défice de atenção, agressivas ou retraídas.
Segundo a notícia, nos Estado Unidos perto de 20 mil receitas
para os medicamentos psiquiátricos Risperdal e Seroquel - adequados a tratar
doenças crónicas como a esquizofrenia ou a doença bipolar - foram passados a
bebés de dois anos ou menos. Representa um aumento de 50% relativamente aos 13 mil do ano
anterior, segundo a multinacional de marketing farmacêutico IMS Health.