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​PME em foco no Luxemburgo com Portugal a dar nas vistas

25 nov, 2015 - 14:45 • Sandra Afonso

Hoje olhamos para a situação das Pequenas e Médias Empresas. A reportagem da Renascença foi até ao Luxemburgo, que tem este semestre a presidência da União Europeia, e que recebeu este ano o Encontro anual de PME.

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Trabalho Sem Fronteiras (25/11/2015)

Durante três dias, empresários, financiadores e políticos de toda a Europa discutiram problemas e soluções para as pequenas empresas e numa coisa todos os empresários concordam: é preciso mais financiamento (com menos burocracia) e trabalhadores qualificados. Estas são as principais reivindicações das Pequenas e Médias Empresas (PME), segundo a Eurofound, uma das mais antigas agências da UE.

A Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e Trabalho é a “voz” das famílias e das empresas junto da Comissão Europeia, e tem como missão avaliar as necessidades de quem vive nos Estados-membros e informar Bruxelas. A Eurofound trabalha para a Comissão Europeia, mas qualquer país ou município pode requisitar os serviços da agência. Apesar de não serem responsáveis pelas medidas que são tomadas, explica Irene Mandl que dão orientações a quem decide.

Esta responsável da Eurofound diz que o acesso a financiamento continua a ser um problema, mas não só. Apesar do elevado desemprego, estas empresas têm dificuldade em encontrar os trabalhadores que precisam. Irene Mandl explica que as PME têm um problema de financiamento, porque “são mais pequenas, têm menos possibilidades de acesso a dinheiro, nomeadamente ao acesso ao crédito bancário, porque têm menos garantias e problemas do género”. E que outro problema, apesar das elevadas taxas de desemprego, é a contratação: “Vemos as PME à procura de empregados, mas precisam de pessoas com qualificações específicas e têm dificuldade em consegui-los. Ou porque o sistema educativo não está preparado para esta procura ou porque as PME são menos transparentes no mercado de trabalho e, por isso, torna-se mais difícil para elas abordar os trabalhadores que precisam, em comparação com as grandes empresas”.

Irene Mandl defende também mais coordenação e concentração dos apoios às PME. O problema, afirma, não é a falta de meios, é o facto de estarem dispersos e pouco acessíveis. Para além disso, esta responsável do Eurofund diz ainda que as empresas se queixam da burocracia exigida para aceder a apoios, tanto comunitários como nacionais.

As mulheres empresárias na UE

Durante os três dias em que decorreu o Encontro anual de PME muitos foram os temas em discussão, desde o financiamento alternativo à internacionalização, passando pelas PME na bolsa, o “crowdfunding” e a criatividade nos negócios. Mas um tema destacou-se este ano: as mulheres empresárias.

A Renascença acompanhou um projecto piloto, que está a ser implementado em nove países europeus. Uma iniciativa que decorre no leste da Europa e que visa apoiar as mulheres empreendedoras, que um dia decidiram criar o seu próprio posto de trabalho e empregar outras pessoas. Os países que aderiram foram a Albânia, Bósnia-Herzegovina, Croácia, Kosovo, a antiga República da Macedónia, Moldávia, Montenegro, Sérvia e Turquia.

Primeiro fizeram um levantamento das medidas disponíveis nos respectivos países. Em segundo lugar, houve uma necessidade de responder ao que as empresárias precisam e acompanhar o seu trabalho, para que o dinheiro público seja gasto de forma eficiente é preciso saber o que necessitam. Esta foi apenas a primeira fase. O segundo passo é o financiamento (porque sem dinheiro não se fazem negócios) e a internacionalização.

Efka Heder lembra que, ao todo, o programa reuniu mais de três mil mulheres. O potencial de criação de empregos é grande, mas ainda não há dados concretos. O financiamento veio da Comissão Europeia e dos Governos da Suécia e da Croácia. Um apoio que é preciso voltar a garantir. Isto porque, depois de uma fase inicial de preparação, o projecto arrancou de facto em 2013 e termina agora no final de 2015. No início do próximo ano serão apresentados os resultados, mas a responsável por esta iniciativa garante - desde já - que o balanço é positivo e querem continuar.

Prémios Europeus de Promoção Empresarial

O ponto alto do encontro europeu de PME é a entrega dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial e a estrela da noite este ano foi Portugal, que venceu o Grande Prémio do Júri, o que acontece pela primeira vez. Portugal já tinha ganho por quatro vezes nas categorias em que concorria e, ainda no ano passado, tinha recebido uma menção honrosa.

Este ano a candidatura nacional destacou-se entre os 52 projectos que chegaram à final, com o programa “Lisboa Empreende”. Uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, de incentivo à criação de novos negócios a custo zero. Começou a funcionar em 2013. É um projecto de microcrédito, apoiado por dois bancos, que não tem parado de crescer, segundo explicou Margarida Figueiredo, do departamento empreendedorismo e empresas da Câmara de lisboa.

Até à data já ajudaram a criar cerca de 70 novos negócios e mais do dobro de empregos. Este projecto está aberto a todos, a única condição é que alguém tenha uma ideia de negócio para pôr em prática no município. Outra vantagem deste projecto é que garante uma base de contactos e apoio ao futuro empreendedor.

Com este prémio, não só a cidade de Lisboa, mas também o projecto, ganham visibilidade e aumentam a possibilidade de vir a ser replicado dentro e fora de portas, defende Miguel Cruz, do IAPMEI.

Para o ano há mais. Os próximos prémios europeus de promoção empresarial vão ser entregues em Bratislava, no final de Novembro.

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