18 nov, 2015 - 17:59 • Celso Paiva Sol
Um padre e três leigas consagradas de uma instituição de Requião, em Vila Nova de Famalicão, foram constituídos arguidos esta quarta-feira no âmbito de um inquérito que investiga alegados maus-tratos na Fraternidade Missionária Cristo Jovem, como é conhecida a instituição religiosa.
Na origem do inquérito estão as denúncias de três mulheres, com idades entre os 20 e os 30 anos, que frequentaram a instituição, mas que já a abandonaram.
Ao Ministério Público e à Policia Judiciária relataram um ambiente de grande violência física e psicológica, com situações de tratamento muito severo, trabalho excessivo e pesado, castigos, privação de alimentos, e – entre outras coisas - regras demasiado apertadas para as visitas familiares.
Os alegados abusos terão sido cometidos ao longo dos últimos anos e os responsáveis apontados pelas denúncias são quatro: o padre, responsável por este convento, e três leigas consagradas que ali residem.
A Arquidiocese de Braga revela, em comunicado, que estava desde o início de 2014 a investigar as denúncias de maus-tratos nesta instituição de Vila Nova de Famalicão.
Com este tipo de denúncias em cima da mesa, o Ministério Público decidiu, entretanto, recuperar um outro caso envolvendo uma noviça que foi encontrada morta num poço localizado no terreno do convento, há cerca de três anos, e investigá-lo agora, à luz destes novos dados.
Na altura, a causa da morte foi atribuída a suicídio. Os investigadores não duvidam que essa tenha sido a causa da morte, mas procuram agora saber até que ponto pode ter sido precipitada pelo tal ambiente de violência física e psicológica.
Na operação desta quarta-feira, a Judiciária não fez qualquer detenção, mas apreendeu diversos documentos e objectos.
A Arquidiocese de Braga está desde o início de 2014 a investigar as denúncias de maus-tratos nesta instituição de Vila Nova de Famalicão. Em comunicado, a Arquidiocese de Braga diz que, perante a denúncia, iniciou uma investigação e que nesses contactos com os residentes foi apurado que “as irmãs sempre manifestaram plena liberdade na sua estadia” naquela instituição.
[Notícia actualizada às 13h12 de 23/11/15]