Tempo
|
A+ / A-

Perguntas e Respostas

A carne vermelha pode causar cancro? Afinal, o que é que posso comer?

26 out, 2015 - 18:04 • Filipe d'Avillez com Redacção e Lusa

Um estudo da Organização Mundial da Saúde revela que a carne processada pode causar cancro. Mas não é preciso deitar fora o seu presunto. Saiba como.

A+ / A-

Veja também:


Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que comer carne processada, como salsichas, fiambre ou bacon, pode causar cancro do cólon. O mesmo documento adianta que as carnes vermelhas são "provavelmente carcinogénicas", potenciadoras de cancro, embora a evidência científica quanto a esse facto ainda seja limitada.

Os investigadores colocaram a carne processada na “lista negra” dos produtos ou substâncias para os quais existem “provas suficientes” que os ligam ao aparecimento do cancro. Esta listagem incluiu tabaco, amianto e gases provenientes de motores diesel.

A Renascença falou com especialistas para tirar todas as dúvidas.

A carne pode causar cancro?

Não é qualquer carne. Segundo o estudo, o perigo reside sobretudo na carne processada, o que inclui bacon, salsichas e presunto, por exemplo. O relatório refere que a ingestão diária de 50 gramas de carne processada – menos de duas fatias de bacon – aumenta a probabilidade de desenvolver cancro colo-rectal (também conhecido como cancro do intestino) em 18%.

O que é carne processada?

A carne processada é definida pelo estudo em causa como “carnes que foram transformados através de um processo de salga, fumeiro, fermentação ou outros processos para melhorar o sabor ou conservação”. Nesta categoria estão incluídos, entre outros, produtos como salsichas, presunto, carne enlatada, bacon e preparados ou molhos à base de carne.

E carne vermelha, posso comer sem receios?

A carne vermelha também apresenta um risco, segundo o mesmo estudo, mas menor. O estudo classificou a carne processada como cancerígena e a carne vermelha como possivelmente cancerígena. O estudo define a carne vermelha como “todos os tipos de carne muscular de mamíferos, como carne de vaca, vitela, porco, carneiro, cavalo ou cabra".

Então, não posso comer carne processada?

Pode, mas com moderação. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) considera que o consumo de carne processada não é problemático, desde que seja moderado e de preferência no quadro de uma alimentação variada e saudável.

E quanta carne vermelha posso comer?

Os especialistas divergem quanto às quantidades exactas, mas Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS, aponta para um consumo de cerca de 500 gramas por semana (três ou quatro refeições de carne). Já a nutricionista Sofia Sousa Silva diz à Renascença que a carne deve mesmo ser consumida, mas aponta para um consumo máximo de 300 gramas. Sempre, sublinham os especialistas, num contexto de alimentação variada e saudável.

Há formas de diminuir o risco?

Sim, nomeadamente outros alimentos. Existem muitos alimentos que são conhecidos por diminuir o risco de incidência de cancro. A DGS, por exemplo, recomenda o consumo, em conjunto com a carne, de legumes e frutas, considerados “alimentos protectores”. À Renascença, a nutricionista Delphine Dias acrescenta a esta lista os cereais não-processados, como o arroz e a massa.

Estas carnes só têm riscos?

Não. O mesmo estudo que aponta os riscos também fala de algumas vantagens. O médico Nuno Miranda, director do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, sublinha, em declarações à Renascença, que “são muito ricos em vitamina B12, são muito ricos em zinco, mas na alimentação tudo o que foge à variedade é provavelmente uma má opção”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Armando Meca
    05 mai, 2016 Setubal 17:56
    Gostaria de chamar a atenção para o seguinte :ha já muito tempo começou a aparecer um producto que diziam que era muito bom e só fazia bem. Era até aconselhado substituir a carne por esse producto ( a soja), que se dizia ser uma grande descoberta! Pois não é verdade: a soja não substitui a carne e é muito pior.
  • Msabel
    04 fev, 2016 Almada 10:44
    Comer muitos legumes, frutas, legumionosas, soja, frutos secos e muito mais. e SOPINHAS
  • Márcia Albuquerque
    26 jan, 2016 Aveiro 13:58
    A OMS é o que é, e sem alarmes que esta noticia sirva para alguma coisa: mais consciência no que colocamos no prato, no nosso e nos nossos filhos. Hoje nas ciências da Saude /Nutrição não precisamos da OMS para termos a certeza que somos de facto o que comemos e a ausencia de doença será sempre uma questão de hábitos alimentares e nutricionais, tanto no alimento como na forma de os preparar e cozinhar. O que devia ser explicado claramente às pessoas é porque é que o consumo sistemático de carne processada ou carnes vermelhas grelhadas /assadas está relacionado com risco de cancro? A maioria das pessoas não tem ideia que por de trás de um apetitoso bacon ou de um bom churrasco estão escondidas substancias essas sim, cancerigenas: as nitrosaminas e o benzopireno. Nitrosaminas são substâncias provenientes de nitratos e nitritos que são adicionados aos alimentos para lhes dar uma cor agradável e torná-los duráveis Que é comumente encontrada em salsichas, bacon, salsicha, presunto, hamburgers etc..O Benzopireno é outro poderoso agente cancerígeno que está presente nos cigarros, e é resultado do assado em grelha, quando as gotículas de gordura ao cair sobre as brasas queimam e dessa combustão surge esta substancia que no fumo sobe e adere à carne que colocamos no prato e insistimos para que os nossos filhos comam tudo, pois tem ferro, B12 e zinco e...Claro que não devemos abandonar a carne vermelha (3x por semana) mas sim enquadrada nas tecnicas de Culinária Saudável!
  • Filipe
    27 out, 2015 Porto 19:15
    É preocupante...de facto é mesmo! É preocupante uma organização mundial lançar uma noticia deste género baseada em estudos efectuados em 10 países! É grave (ja nao é preocupante) uma organização mundial tentar desviar as atenções da sua própria incompetência! As acções da OMS são cada vez mais frustradas e inconsequentes...nao sabem como responder à escassez de medicação básica nos países sub desenvolvidos, nem sequer como combater a escassez de alimentos, e mesmo assim debruçam-se sobre um assunto sem qualquer fundamento lógico: mas quem é o indivíduo que consegue consumir 6 ou 7 refeições à base de carnes transformadas ou processadas?! Mais, o impacto que a redução abrupta de consumo de uma das maiores fontes de vitamina B, proteínas, ferro e zinco iria ter na saúde publica é deveras preocupante, as certezas (nao riscos) de anemias e leucemias seriam exageradamente evidentes! Querida OMS, as pessoas são cada vez mais cépticas e menos influenciadas por estudos inconsequentes...tentem de novo!
  • Confuso
    27 out, 2015 SP 14:14
    Eu queria comentar esta notícia, mas não a consigo ler. Não aparece na tela do PC. Porquê??? Alguém me sabe responder??
  • maria Albuquerque
    27 out, 2015 Aveiro 13:23
    Há muito de verdade em tudo o que foi dito.....mas o ADN também conta muito.....E depois as frutas e legumes são essenciais....já não falando da sopa que os mais pobres nunca abandonaram...
  • Alberto Sousa
    27 out, 2015 Portugal 10:13
    Primeiro; a OMS é uma treta, não passa de uma organização ao serviço de quem lhes paga mais. Uma OMS que aprova alimentos geneticamente alterados dizer que a carne processada faz mal? Vão catar piolhos ao cão. O que faz mal é uma alimentação desequilibrada, com exageros, de resto...Muita gente é apologista do vegetabilismo, mas não sabe a quantidade de perigos nos vegetais (como na carne, peixe, em tudo). Se analisarem os vegetais dos supermercados encontram resíduos de pesticidas, herbicidas, adubos químicos, conservantes, hormonas crescimento...além de muitos deles virem de espécies de laboratório. Por curiosidade, sabem que no maior laboratório de busca e produção de novas espécies de vegetais (por alteração genética) que existe, no México, há mais de 20.000 !!! variedades de tomate? Depois digam-me se são tomates (comidas) naturais que consomem. Como o pão que é feito de farinha de milho transgénico. Os "entendidos" da OMS que metam os seus estudos num sitio que eu cá sei.
  • F Soares
    27 out, 2015 A da Gorda 08:25
    E se tudo isto fosse só meia verdade , isto é, parafraseando o poeta Aleixo com a quadra da " pra mentira ser segura,,, tem que trazer à mistura qualquer coisa de verdade".? E quem lançaria este esquema? As grandes empresas multinacionais de transgénicos, herbicidas, adubos , etc. etc. etc. ( não seria a primeira vez...). Porque , não tenhamos dúvidas que o mundo dito desenvolvido vai ficar enrascado e a mensagem passou e a desorganização no abastecimento vai acontecer de forma brutal - aumento de preços de alguns alimentos e desorganização total noutros setores , mais desemprego etc. etc. etc. . Nos países em desenvolvimento a mensagem não passará tão facilmente. Mas nos desenvolvidos, pode criar o caos. Creio que é um assunto ao qual teremos que estar muito atentos e ter muito cuidado e escrutinar a verdade ( e a mentira...) nas mensagens que passamos.
  • passado adiado
    27 out, 2015 Lisboa 06:14
    a minha primeira dúvida é esta: onde nascem estas notícias bombásticas? com que calendário aparecem? a minha seguanda questão é esta: acreditando "piamente" nesta notícia, será que devo largar de vez os "macdonalds"?
  • 27 out, 2015 04:12
    Comer bolachas de água e sal....

Destaques V+