05 out, 2015 - 15:33
A Comissão Europeia considerou esta segunda-feira que o resultado das eleições legislativas de domingo em Portugal, ganhas pela coligação PSD/CDS-PP, "confirma a vontade da maioria do povo português de prosseguir o caminho das reformas".
"A Comissão Europeia e o presidente [Jean-Claude] Juncker, em nome da instituição, felicitam o primeiro-ministro Passos Coelho pela vitória alcançada pela coligação liderada pelo partido do primeiro-ministro" (PSD), começou por referir o porta-voz do executivo comunitário, na conferência de imprensa diária da Comissão, numa reacção às eleições de domingo em Portugal.
Sustentando que "o resultado destas eleições confirma a vontade da maioria do povo português de prosseguir o caminho das reformas", Margaritis Schinas indicou que a Comissão sabe que "vai ter agora lugar o processo institucional normal, com o Presidente [da República] de Portugal a receber todos os partidos representados no novo parlamento para avaliar as condições para a solução governativa".
O porta-voz do executivo comunitário disse ainda que a Comissão está "pronta para trabalhar com o novo Governo português que será formado uma vez que este processo esteja concluído".
Resultado "um pouco ambíguo"
Já o presidente do Eurogrupo considerou que o resultado das eleições legislativas em Portugal é "um pouco ambíguo", face à ausência de uma maioria absoluta da coligação, e disse que há que esperar para "ver o que acontece".
Falando à entrada para uma reunião de ministros das Finanças da zona euro, no Luxemburgo, Jeroen Dijsselbloem refutou ainda a ideia de que, neste novo mandato, o Governo tenha margem de manobra para inverter as políticas de austeridade que tem seguido, já que, sustentou, "a situação económica e financeira de Portugal" não mudou só porque houve eleições.
Questionado sobre o desfecho das eleições legislativas de domingo em Portugal, o presidente do Eurogrupo considerou que "o governo português tomou algumas medidas muito duras e, nesse sentido, é uma boa notícia que um governo possa ainda ganhar eleições depois de tomar tais medidas quando necessárias".
"Por outro lado, o resultado das eleições ainda é, para mim, um pouco ambíguo. Por isso vamos ver o que a nova situação traz", acrescentou.
"Situação económica não mudou do dia para a noite"
Referindo-se em concreto às dificuldades que o novo governo poderá enfrentar no Parlamento face à perda de maioria absoluta, o presidente do Eurogrupo comentou que basta olhar para tudo o que se passou na zona euro para se verificar que "a estabilidade política é importante em todo o lado".
"Mas há democracia, e a democracia nem sempre traz estabilidade. Vamos ver o que acontece", observou.
Por fim, quando questionado sobre se um governo PSD-CDS terá num segundo mandato mais margem de manobra para aliviar a austeridade em Portugal, Dijsselbloem defendeu que "a situação económica e financeira de Portugal não muda do dia para a noite por causa de eleições".
"É sempre o problema com qualquer novo ou antigo governo, é que tem de lidar com os mesmos problemas. Por isso não, não acho que haja razões para grandes mudanças nas políticas neste momento", concluiu.
Schäuble satisfeito
À entrada para a mesma reunião, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, considerou que a vitória da coligação "é um encorajamento à política que tem sido seguida em Portugal". "Isto mostra que uma política pode ter sucesso, e ser apoiada por uma maioria, mesmo que imponha medidas duras à população", comentou, quando questionado sobre o resultado eleitoral em Portugal.
Sublinhando que o triunfo nas eleições é, então, "um grande sucesso" para o Governo português, Schäuble admitiu todavia que, face à perda de maioria absoluta, "as relações de maioria (no parlamento) possam agora ser um pouco complexas".
A coligação formada por PSD e CDS-PP venceu com 38,55% dos votos (o que representa 104 deputados), tendo perdido a maioria absoluta, e o PS foi o segundo partido mais votado, com 32,38% (85 deputados), estando ainda por atribuir quatro assentos na futura Assembleia da República, referentes aos círculos da emigração.