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“Confiança nos políticos? Não sei se o Santo Padre estaria a pensar no nosso tempo"

14 set, 2015 - 14:28

Leia aqui as reacções à entrevista do Papa Francisco à Renascença.

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O Papa Francisco concedeu uma entrevista exclusiva à Renascença em que fala de uma série de temas, desde o contexto socioeconómico mundial à questão dos políticos e da corrupção, refugiados e a urgência de uma educação de emergência para jovens desocupados.

A Renascença pediu comentários a várias figuras da sociedade portuguesa aos comentários do Santo Padre.


“É o respeito pela promoção, pela defesa da dignidade das pessoas. E, na verdade, fora desta linha do pensamento, só pode acontecer a desgraça, a infelicidade, aquilo que, infelizmente, este sistema económico que não valoriza a pessoa, mas o capital a qualquer preço, tem levado o país onde nos encontramos. Por isso, este Papa, também dentro do que fez João Paulo II e os últimos Papas, é urgente a mudança de sistema económico que está a dominar o mundo. Temos de ter um sistema económico mais humanitário."

Eugénio da Fonseca, presidente da Cáritas Portugal, sobre as declarações do Papa em relação ao sistema económico que deixou de ter a pessoa no centro.

“Não sei se o Santo Padre estaria a pensar no tempo que estamos a viver, mas a referência aos políticos, a confiança que tem na classe política e, sobretudo, na nova geração, aqui se revela o arauto da esperança que ele é. Quando há uma desconfiança tão forte na classe política, vem o Papa dizer que confia muito na nova geração de políticos. Isto quer dizer que a política não deve ser, de forma alguma, diabolizada, como muitas vezes fazemos. Como muitos Papas também disseram, é uma das formas nobres de praticar a caridade."

Eugénio da Fonseca sobre o facto de o Papa ter dito que confia na nova geração de políticos.


"Talvez porque não havia, em relação a este Papa, uma expectativa, à partida, demasiado reformista quando ele foi eleito, seja mais eficaz. Primeiro, conquistou as pessoas com a sua personalidade, ao mesmo tempo que avançou com algumas ideias e na entrevista está uma trilogia de aspectos: a questão do mofo, do acolhimento e a ideia da esperança nos mais novos. Esse tipo de observações ou diagnósticos muitas vezes é feito por pessoas que estão fora da Igreja ou que estão dentro, mas com um ânimo um bocadinho zangado, e ele fá-lo de uma forma bastante serena e evidente."

Pedro Mexia, poeta e crítico literário


"É fundamental, é uma advertência fundamental e realista, muito realista. D. Bosco é uma referência neste campo. Ele foi um dos primeiros que fez contratos com os empregadores para que os jovens não fossem explorados. Nós salesianos, aqui e ali, fomos criando cursos, que hoje chamamos, no enquadramento legal, cursos de educação e formação, sobretudo como uma alternativa para o currículo regular para alunos com dificuldades no ensino regular e dificuldades em concluírem o terceiro ciclo. Estes cursos dão competências, aquelas competências mínimas e indispensáveis para a inserção numa profissão, que depois estas competências vão sendo desenvolvidas ao longo do tempo e do exercício das profissões."

D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa, sobre as declarações do Papa acerca da educação e de D. Bosco.

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