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Legislativas 2019

Costa alvo de críticas no PS: listas socialistas com poucos sindicalistas e demasiado "aparelho" partidário

23 jul, 2019 - 23:59 • Redação com Lusa

Acusações foram feitas na reunião da Comissão Política Nacional do PS, em Lisboa, que aprovou as listas de candidatos a deputados socialistas nas próximas eleições legislativas.

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Os representantes da UGT e da CGTP-IN esta terça-feira presentes na reunião da Comissão Política Nacional do PS queixaram-se de não estarem representados em lugares elegíveis nas listas de candidatos socialistas a deputados.

De acordo com fontes socialistas, na reunião, que decorreu em Lisboa, estes protestos foram transmitidos pelos dirigentes Wanda Guimarães e José Abraão, ambos da UGT, e por Carlos Trindade, da CGTP-IN.

Wanda Guimarães, deputada que se prepara para abandonar o parlamento por vontade própria, confirmou este clima de insatisfação e considerou que a ausência de membros das duas centrais sindicais nas listas de candidatos a deputados "representa um empobrecimento do PS". "O PS é um partido trabalhista, de esquerda. Devia ter outro cuidado com o mundo sindical", disse.

Nas listas de candidatos do PS para as legislativas de 2015, além de Wanda Guimarães, entrou em lugar considerado elegível Rui Riso, que agora não aparece.

Na reunião, também o presidente da Federação socialista de Braga, Joaquim Barreto, criticou a decisão de ter sido avocada a lista que saiu da sua estrutura para a Comissão Política Nacional do PS e afirmou discordar de algumas alterações introduzidas.

Daniel Adrião acusa Costa de ter privilegiado o aparelho nas listas do PS

O líder da corrente minoritária socialista, Daniel Adrião, acusou o secretário-geral do PS, António Costa, de ter feito listas de candidatos a deputados que refletem o peso do aparelho partidário, sem abertura à sociedade. Estas acusações foram feitas na intervenção de Daniel Adrião na reunião da Comissão Política Nacional do PS, em Lisboa, que aprovou as listas de candidatos a deputados socialistas nas próximas eleições legislativas.

No seu discurso, Daniel Adrião referiu-se às listas de candidatos a deputados do PS na sua globalidade e considerou que "os dados estão lançados, as decisões do secretário-geral [António Costa] estão tomadas". "E a responsabilidade destas escolhas é do secretário-geral, porque a proposta que vamos votar é apresentada pelo secretário-geral. São escolhas que refletem o peso e a influência do aparelho, mas que não refletem a desejável abertura à sociedade que se impunha, tendo em conta os fraquíssimos níveis de participação eleitoral que se têm vindo a registar", sustentou.

O dirigente socialista afirmou depois que, "para os níveis de responsabilidade que o PS tem hoje na sociedade portuguesa, exigia-se muito nesta fase, quer no processo de construção do programa, quer das suas listas eleitorais". "Infelizmente, esta direção não quis seguir os bons exemplos e as boas práticas que o PS vivenciou no passado, marcados por uma forte participação, descentralização e abertura à sociedade civil, que são exemplos memoráveis os Estados Gerais [no tempo de liderança de António Guterres], mas também as Novas Fronteiras [na liderança de José Sócrates]", referiu.

De acordo com este dirigente da tendência minoritária dos socialistas, "mais uma vez", no PS, "valorizou-se o controlo em detrimento da inovação". "A atual direção decidiu insistir num modelo de organização política caduco e esgotado, que não é minimamente atrativo, que não tem canais de comunicação com a sociedade. O resultado são listas sem novidade, sem frescura, construídas apenas numa lógica de gestão de equilíbrios de poder interno", acrescentou.

Listas de candidatos a deputados aprovadas com votações entre 80 e 92%

O presidente do PS anunciou que a Comissão Política Nacional do partido aprovou as listas de candidatos socialistas a deputados nas próximas eleições legislativas com votações entre os 80 e os 92%. Carlos César anunciou este resultado no final de uma reunião, em Lisboa, que demorou cerca de duas horas e meia, menos do que o habitual em comissões políticas destinadas a aprovar listas de candidatos a deputados.

"As listas que o PS apresenta têm mais de 56% de mulheres entre os seus efetivos, respeitando assim a distribuição equilibrada em termos de género. Também têm a particularidade de terem sido aprovadas por voto secreto com votações que oscilaram entre os 80 e os 92%", apontou o presidente dos socialistas, tentando aqui traçar uma linha de demarcação face ao PSD.

Para Carlos César, este processo constituiu "um momento de grande afirmação da unidade do PS, de renovação da sua energia e entusiasmo". "Já aprovámos o nosso programa [eleitoral no sábado passado] com uma participação muito vasta de quadros independentes e qualificados e com contributos da sociedade civil. Penso que este processo que agora se conclui habilita o PS, como nenhum outro partido - estando dotado de um programa baseado numa experiência de Governo bem-sucedida e na vontade de inovar e acolher novos contributos e novas pessoas - para prosseguir de forma vitoriosa com a confiança dos portugueses", declarou.

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  • ze
    24 jul, 2019 aldeia 08:43
    Os "amigos" em 1º.

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