Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Ensino superior

ISCEM vai fechar. Alunos vão ser transferidos para outras instituições

22 jul, 2019 - 15:45 • João Pedro Barros , Manuela Pires

De acordo com a lei, serão criadas vagas extraordinárias para todos os estudantes no próximo ano letivo. Em 2017/18, a instituição tinha 163 alunos.

A+ / A-

O Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), sediado em Lisboa, vai fechar em setembro, sendo os alunos transferidos para outras instituições de ensino superior públicas na área metropolitana da capital. A notícia foi dada na madrugada desta segunda-feira, via email, aos alunos, pela diretora Regina Campos Moreira, e confirmada pelo ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

No email, a responsável avisa os professores e os estudantes de que a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) decidiu não acreditar institucionalmente o ISCEM. A instituição recorreu, tendo mesmo interposto uma providência cautelar no Tribunal Administrativo, para suspender a eficácia dessa decisão.

A ação foi apresentada em fevereiro e o indeferimento foi decidido a 18 de junho. No email, explica-se que o ministro Manuel Heitor aplicou o artigo 153 do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), relativo ao encerramento compulsivo, “não abrindo o ISCEM no próximo ano letivo 2019/2020, com previsão para o encerramento no final de setembro de 2019”.

A diretora da instituição pede aos alunos “calma e tranquilidade” e informa ainda que sugeriu ao ministério a colocação em três instituições: a Escola Superior de Comunicação Social (ESCS) do Politécnico de Lisboa, o ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa e o Instituto Politécnico de Setúbal.

De acordo com a lei, todos os estudantes do ISCEM de mestrado, licenciatura e cursos técnicos superiores profissionais têm os direitos salvaguardados. Nestes casos vão ser criadas vagas extraordinárias e os alunos vão ser transferidos para outras instituições "com formação similar à que os estudantes frequentavam no estabelecimento em causa", confirma o próprio ministério, que acrescenta que "foram já desenvolvidas diligências junto do Instituto Politécnico de Lisboa e do Instituto Politécnico de Setúbal". No entanto, qualquer instituição do país "pode vir a receber os estudantes em causa".

"O procedimento de encerramento compulsivo ainda se encontra em tramitação na Direção Geral do Ensino Superior (DGES), não estando ainda concluido nessa sede e não tendo ainda sido remetido ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Apenas será proferido despacho ministerial sobre encerramento compulsivo depois de concluído o processo que se encontra a correr na DGES e após estarem garantidas todas as condições para salvaguardar os interesses dos estudantes do estabelecimento a encerrar", comunicou o ministério do Ensino Superior, em comunicado.

Relatório que sugere não acreditação tem mais de um ano

Segundo a sua página na internet, o ISCEM tem dois cursos técnicos superiores profissionais, duas licenciaturas e três mestrados, de Comunicação Empresarial e Gestão de Marketing. De acordo com o relatório da Comissão de Avaliação Externa (CAE) da A3ES, em 2017/18 a instituição tinha 163 alunos, 36 deles em cursos técnicos.

As deficiências apontadas ao ISCEM no relatório da CAE são muitas e levaram a uma deliberação que recomendava “não acreditar a instituição”, a 4 de junho de 2018. “As maiores dificuldades têm a ver com a concentração das funções de gestão e com a fraca procura de estudantes”, pode ler-se.

A política de captação de alunos estava “resumida ao ‘passa palavra’" e as taxas de conclusão eram baixas, “com exceção da Licenciatura em Comunicação Empresarial”. “Não foram identificadas medidas de combate ao abandono e ao insucesso escolar”, aponta-se no documento, que critica ainda as instalações (“foram apontadas deficiências ao nível do acesso à internet, do horário da biblioteca e da sua desatualização, bem como da sala de informática") e sublinha a inexistência de uma cantina e de residência.

Foram identificadas outras áreas com fragilidades, nomeadamente o facto de o sistema interno de garantia de qualidade estar então “em fase de construção” e sem resultados. O corpo docente era considerado “reduzido”, com “sobrecarga de horas letivas” e sem avaliação dos docentes. Para além disso, não existiam “projetos de investigação orientada” e o nível de internacionalização era “reduzido”.

A Renascença tentou contactar o ISCEM e até ao momento, não obteve qualquer resposta.

[Notícia atualizada às 17h20.]

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Maria
    23 jul, 2019 Lisboa 18:07
    Este encerramento compulsivo está atrasado 10 anos. Todos os que por lá passaram como alunos e/ou funcionários sabem que o funcionamento da instituição deixava muito a desejar. Os departamento só existiam nas tabuletas das portas. As infraestruturas estavam degradadas e há muito que não havia disponibilidade financeira para investir no que quer que fosse (nem num corpo docente DECENTE). Muitas das vezes funcionários e docentes acumulavam tarefas para "ajudar" a instituição. A passagem a politécnico por exigências legais já deixava antever um fim de linha num curto prazo. Mesmo havendo vontade de corrigir o que estava errado ou ilegal, o problema é que com os meios financeiros e recursos disponíveis não haveria como. É mais justo para todos e inclusive para a sociedade académica (e não só!) que feche de uma vez por todas.

Destaques V+