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Autarca de Mação critica ataque às chamas. "Pessoas sentiram-se abandonadas"

22 jul, 2019 - 12:21 • Lusa

Incêndio no distrito de Castelo Branco deflagrou no sábado, pouco antes das 15h00. Há mais de mil operacionais no combate às chamas.

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O presidente da Câmara de Mação (Santarém) pediu esta segunda-feira maior "transparência" na divulgação de como os meios de combate aos incêndios são "balanceados" no terreno, lamentando que se diga que são os necessários quando há populações "desprotegidas".

Falando junto ao posto de comando instalado na madrugada de hoje na aldeia de Cardigos, no concelho de Mação (Santarém), Vasco Estrela disse à Lusa não compreender por que razão os meios que chegaram por volta das 23h00 de domingo não foram posicionados antes, já que o fogo chegou "com uma violência extrema" ao concelho cerca das 18h00 de sábado.

"Não podemos conceber que se diga que os meios eram os necessários, os suficientes, quando tivemos populações completamente desprotegidas. O meu 'cavalo de batalha' é deste ponto de vista. Se se puder dizer que não havia realmente mais meios para colocar, temos que assumir que não havia mais meios, que o país não teve capacidade de resposta e assumir isso, ou então temos que dizer outra coisa, que os meios não estavam balanceados no terreno de forma adequada face às características que eram expectáveis que pudessem vir a acontecer", declarou.

Para o autarca, é legítimo as populações questionarem "onde é que estava esta gente toda", quando observaram a chegada dos meios por volta das 23h00 de domingo e que "não foram vistos durante quase 48 horas no concelho de Mação".

Considerando ser "irrelevante" que se designe este fogo como sendo de Vila de Rei (Castelo Branco), onde se iniciou, Vasco Estrela pediu "que se diga às pessoas quando se fazem os 'briefings' onde é que os meios estão colocados no terreno para as populações locais saberem efetivamente como é que as coisas estão a ser geridas" e também os autarcas poderem transmitir como estão colocados os operacionais.

Se for a opção correta, então todos têm de se "calar e assumir as suas responsabilidades", acrescentou, frisando que já nos incêndios de 2017 "batalhou muito" na questão de transparência, apelando novamente a que estas questões sejam refletidas durante o inverno para as pessoas "saberem com o que podem contar".

"Aqui onde estamos, estão cerca de 300 pessoas paradas. Todos são operacionais, mas quem está a combater?", disse, salientando que se está a dar "uma imagem de segurança à população que depois não é visível no terreno e as pessoas sentem-se sozinhas".

"As pessoas sentiram-se abandonadas, não porque estes homens não deram o melhor, mas porque não chegaram para as encomendas", salientou.

Vasco Estrela disse ainda não perceber qual foi a lógica de se instalar o posto de comando em Cardigos apenas na madrugada de hoje.

"Bem sei que a tarde vai ser muito difícil, antevejo que venhamos a ter problemas e os homens que aqui estão venham a ser necessários. Esperemos que não sejam. Mas, pergunto, depois de 5.000 hectares de área ardida no concelho de Mação, depois do posto de comando ter estado tanto tempo em Vila de Rei não teria feito sentido que, logo ao fim das primeiras horas, se equacionasse esta possibilidade? Ela foi equacionada? Sim ou não?", perguntou.

Para o autarca, são "estas dúvidas que ficam sempre no ar que devem ser esclarecidas por quem de direito".

Vários incêndios deflagraram no distrito de Castelo Branco ao início da tarde de sábado. Dois com origem na Sertã e um em Vila de Rei assumiram maiores dimensões, tendo este último alastrado, ainda no sábado, ao concelho de Mação, distrito de Santarém.

Ao todo houve 21 pessoas assistidas e 10 feridos, na sua maioria ligeiros.

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  • Troikka
    22 jul, 2019 Carrazeda 20:09
    É triste o deplorável aproveitamento político. Basta ver de que partido é o Sr. Presidente de Mação...e completar com o comentário do "Advogado do Diabo". Passar bem!
  • Miguel Trindade
    22 jul, 2019 Lisboa 13:49
    Na Roda, Cardigos deixaram-nos sozinhos perante o fogo, combatemos e salvamos o que pudemos sozinhos no meio de velhos e inválidos. Esta casa era do Sr Sebastião de 91 anos, não a conseguimos salvar, os Bombeiros só chegaram depois do fogo nos passar por cima, e estávamos a 1,5km do posto de Comando de Cardigos!!!! Cardigos estava cheia de Bombeiros, aviões nem vê-los, quando chegaram depois do fogo passar mandaram nos afastar da casa e foram-se embora sem gastar uma gota de água nesta, ardeu até cair DESCOORDENAÇÃO TOTAL A Aldeia da Roda era um exemplo de cumprimento da legislação, arrancaram extensas zonas de eucalipto, limparam tudo e as casas tinham as zonas de segurança, basta consultarem a página do FB “Aldeia da Roda - Cardigos”, ainda assim de nada serviu, ardeu tudo na mesma!
  • Advogado do Diabo
    22 jul, 2019 Ele vem 13:25
    Tudo isso é correcto, mas entretanto deixe perguntar também, se fêz o trabalho de casa. Refiro-me à prevenção de fogos. Foram feitos aceiros? Foi limpo o mato que é um combustível para o fogo? Foram lançadas e cumpridas as medidas previstas para a prevenção de fogos? Foi mantida vigilância das matas? Antes de falar dos outros, vamos ver se fêz o seu trabalho, ou se está a desviar atenções de culpas próprias e a usar a tática "chama-lhe a ele, antes que ele te chame a ti"

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