11 jul, 2019 - 20:00 • Sérgio Costa com Redação
Os árbitros vão poder terminar jogos de futebol devido a incidentes racistas, sendo que, nesse caso, a equipa infratora será condenada à derrota. Uma medida incluída no novo código disciplinar da FIFA e que, para o antigo árbitro José Leirós, demonstra que o fenómeno do racismo está pior do que quando arbitrava.
"Houve fases, mas agora estamos numa fase de populismo na Europa e no mundo, em que aparecem estes fenómenos. A FIFA não fez isto por fazer, é porque notou que era mesmo necessário. E se eles fizeram isto, é porque o fenómeno, erradamente, está a aumentar", comenta Leirós, em entrevista à Renascença.
O novo código disciplinar da FIFA detalha que "a não ser que haja circunstâncias excecionais, se um jogo é abandonado pelo árbitro devido a uma conduta racista e/ou discriminatória", a equipa infratora perderá o jogo.
José Leirós não acredita que isso possa colocar maior pressão sobre os árbitros:
"Não há qualquer problema para o árbitro, porque isto, sendo uma atitude muito grave, a questão não é o árbitro atribuir a vitória. O árbitro vai terminar o jogo e vai escrever no relatório porque é que o fez e a sequência disso é o que está regulamentado. O árbitro está confortável. Os árbitros de futebol estão preparados e habituados para assumir responsabilidades."
Uma mudança necessária com castigos pesados
Qualquer pessoa que ofenda a dignidade ou integridade de um país, uma pessoa ou um grupo de pessoas através de atitudes discriminatórias - relativas a seja o que for - será sancionada com uma suspensão de "pelo menos dez jogos ou um período específico, ou qualquer outra medida disciplinar apropriada", dita a FIFA.
Se forem adeptos a ter esse tipo de atitude, a associação ou clube responsável terá de fazer um jogo com número limitado de espectadores e uma multa de pelo menos 20.000 francos suíços (17.949,09 euros), se for a primeira vez. Para repetentes "ou caso a circunstância o requeira", podem ser impostas medidas como "um plano de prevenção, uma multa, dedução de pontos, jogar um ou mais jogos à porta fechada, interdição de jogar uma partida num certo estádio, derrota num jogo, expulsão de uma competição ou despromoção a uma divisão inferior".
A FIFA também vai criar painéis de juízes para ouvir as vítimas de racismo e discriminação.
Para José Leirós, esta remodelação do código disciplinar da FIFA era "necessária".
"Acho ótima ideia esta revisão do código, que era necessária, incluir este flagelo que é o racismo nos estádios de futebol. Fica regulamentado, e de forma muito pertinente e correta, que seja o árbitro que tenha papel fundamental em combater o racismo, juntamente com os delegados, para que as pessoas percebam que a igualdade entre seres humanos é fundamental", conclui o antigo árbitro.