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Igreja Ortodoxa pode deixar de benzer armas de destruição maciça na Rússia

10 jul, 2019 - 15:47

As armas nucleares chegaram a ser descritas como “anjos da guarda” da Rússia e têm o seu próprio santo padroeiro.

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A Igreja Ortodoxa da Rússia está a discutir o fim das bênçãos de armas de destruição maciça na Rússia.

A Federação Russa tem um dos maiores arsenais nucleares do mundo e desde o fim do regime comunista, quando a Igreja Ortodoxa recuperou a sua liberdade e voltou a ganhar influência junto das forças políticas e armadas do país, que se têm tornado mais comuns as imagens de sacerdotes e bispos a benzer estruturas e armas militares, incluindo ogivas nucleares e carros de combate.

Recentemente, porém, o assunto tem sido discutido internamente e recentemente uma comissão da Igreja recomendou que o direito canónico passe a limitar as bênçãos a pessoal militar, e não a armas.

“Pode-se falar na bênção de um guerreiro que, no cumprimento do seu dever militar, defende a Pátria. E no final do ritual a sua arma pessoal também é benzida, precisamente pela ligação ao indivíduo que recebe a bênção”, diz o bispo Savva Tutunov, do Patriarcado de Moscovo, em declarações à Religion News Service, concluindo que “precisamente por essa razão, as armas de destruição maciça não devem ser benzidas”.

A proposta da comissão ainda não tem força de lei na Igreja Ortodoxa, faltando para isso a aprovação final do Patriarca Cirilo.

Existe uma fação interna na Igreja, contudo, que não concorda com a medida e que glorifica o arsenal nuclear do país. Esta ala chegou a ter representantes em altos cargos da hierarquia, como era o padre Vsevolod Chaplin, antigo porta-voz do Patriarcado de Moscovo, que chegou a descrever as armas como “anjos da guarda” necessários para a preservação da “civilização ortodoxa” e afirmando que apenas elas protegiam a Rússia de ser “escrava do ocidente”.

O arsenal nuclear russo tem mesmo o seu próprio padroeiro, o santo Serafim de Sarov.

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