10 jul, 2019 - 12:36 • Redação com Lusa
O embaixador do Reino Unido em Washington, Kim Darroch, demitiu-se do cargo, depois de terem sido divulgados e-mails confidenciais em que o representante diplomático criticou a administração de Donald Trump.
A publicação dos e-mails, no jornal britânico Daily Mail, provocou um incidente diplomático entre os dois países, tendo o presidente norte-americano chamado “maluco” e “estúpido” ao embaixador britânico. Nos documentos tornados publicos Kim Darroch referia-se ao Governo dos Estados Unidos da América como “incompetente” e “instável”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, colocou-se de imediato ao lado do seu embaixador e criticou a forma como o Presidente norte-americano o classificou, dizendo que se fosse escolhido para primeiro-ministro (é um dos candidatos a suceder a Theresa May, que anunciou a sua renúncia ao cargo) manteria Darroch no seu posto em Washington.
Mas essa questão deixou de se colocar, após o envio de uma carta ao Governo britânico em que Kim Darroch apresentou a sua demissão, alegando o incidente diplomático da revelação pública dos telegramas diplomáticos.
“A situação atual está a tornar-se impossível para continuar a desempenhar o cargo como gostaria”, escreveu Darroch, referindo-se à polémica amplificada pela troca de acusações entre Donald Trump e Jeremy Hunt.
“Embora o meu posto dure até ao final do ano, acredito que nas atuais circunstâncias a postura responsável é permitir a nomeação de um novo embaixador”, acrescentou o diplomata.
Simon McDonald, chefe dos serviços diplomáticos britânicos, aceitou a demissão “com profundo pesar pessoal”, associando-se ao lamento apresentado pela primeira-ministra, que referiu em comunicado “ficar desolada com esta decisão” do seu embaixador.
“Admiro o facto de pensar mais nos outros do que em si. Demonstra assim a essência dos valores do serviço público britânico”, afirmou McDonald na resposta à carta de demissão.
Nos telegramas diplomáticos tornados públicos, Darroch, que está no posto de embaixador em Washington desde 2016, sugeriu que para se comunicar com Donald Trump é preciso “apresentar os argumentos de forma simples”, dizendo que não acreditava em mudanças com o evoluir do tempo.
“Não acreditamos que esta administração se torne substancialmente mais normal; menos disfuncional; menos imprevisível; menos dividida; menos diplomaticamente desajeitada e incompetente”, escreveu o embaixador num dos telegramas.
Jeremy Hunt já disse que haverá uma investigação à fuga de informação que permitiu a divulgação dos telegramas diplomáticos, dizendo que “se e quando houver responsáveis, eles serão fortemente condenados”.