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Costa anuncia milhões de apoio português a Moçambique

03 jul, 2019 - 12:18 • Susana Madureira Martins , Filipe d'Avillez

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, promete mão de ferro contra quem tentar desviar fundos da ajuda destinada aos que sofreram com os ciclones Idai e Kenneth.

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Portugal vai continuar a apoiar Moçambique com ajudas no valor de vários milhões de euros. O anúncio foi feito esta quarta-feira de manhã no Fórum Económico Portugal-Moçambique, que decorreu num hotel em Lisboa.

O apoio destina-se a ajudar aquele país africano após os dois recentes ciclones Idai e Kenneth, que causaram elevada destruição e fizeram pelo menos centenas de mortos.

“Hoje mesmo foi constituído, sob a gestão do Instituto Camões, um fundo de apoio à reconstrução de Moçambique, para apoiar a recuperação e a reconstrução das regiões afetadas pelos ciclones em Moçambique, aberto à participação de entidades do setor público, privado e social e que dispõe neste momento de 1,2 milhões de euros – 700 mil do Orçamento do Estado português e 500 mil de contribuições associadas, por múltiplos parceiros nacionais, como câmaras municipais de Gaia ou da Guarda, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Apifarma ou a Fundação Calouste Gulbenkian”, anunciou o primeiro-ministro.

Ao lado de Costa estava o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, que está em Lisboa em visita de Estado e que ouviu ainda o primeiro-ministro português a fazer a resenha de outros apoios que estão já em curso.

“Mobilizámos fundos do Investmoz, no montante de 16,1 milhões de euros, para apoio de empresas de direito moçambicano ou de direito português afetadas pelas cheias e aprovámos já o primeiro projeto ao abrigo do recentemente criado compacto lusófono, traduzido na concessão de uma garantia para disponibilização de crédito pela banca a pequenas e médias empresas moçambicanas de cerca de 30 milhões de euros.”

“E estamos a dinamizar os recursos no Fundo Empresarial da Cooperação Portuguesa, no valor de 11 milhões de euros, de modo a torná-lo mais operacional no apoio à reconstrução e à recuperação económica”, disse.

O amigo da cerveja de mandioca

Já o Presidente Filipe Nyusi falou de António Costa como um grande apreciador de cerveja de mandioca, um dos produtos em expansão em Moçambique. “O meu caro amigo esteve refém em Bruxelas, mas consegui sair, escapou-se e está aqui. Então muito obrigado. Há uma outra coisa que estamos a fazer em Moçambique, estamos a produzir cerveja a partir do milho e de mandioca. O grande apreciador de cerveja de Mandioca é o meu amigo aqui”, disse, perante os risos da sala. “Isso é real, tivemos um almoço que nunca mais terminava porque as duas garrafas de cerveja dele nunca terminavam.”

O Presidente moçambicano mostrou-se bem-humorado, mas depois adotou um tom mais sério, ao garantir facilidades ao investimento estrangeiro no seu país e apelando aos empresários portugueses para investirem em Moçambique.

Nyusi agradeceu ainda todo o apoio português na sequência dos ciclones Idai e Kenneth e promete mão de ferro no bom uso dos apoios destinados a Moçambique.

“O nosso governo tudo fará para garantir que os recursos a serem alocados para qualquer programa de reconstrução sejam aplicados de forma transparente. Teremos mão dura para com os prevaricadores que ousarem aplicar estes recursos para fins diferentes dos já estabelecidos pelo Governo.”

“Como exemplo, os apoios que seguiam em espécies, mesmo em dinheiro, eram devidamente publicados em jornais, criou-se uma empresa para gerir os apoios com maior transparência, porque queremos que esses apoios cheguem às pessoas que precisam, às pessoas reais”, diz Nyusi.

O Presidente moçambicano recordou a quantidade de telefonemas que recebeu do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa para saber do paradeiro dos cidadãos nacionais nas regiões afetadas pelos dois ciclones: “Há três dias que não conseguíamos falar com a Beira, mesmo estando em Maputo, nem sequer eu conseguia voar para a Beira porque o aeroporto estava encerrado e o Presidente Marcelo estava a toda a hora a ligar, a querer saber de moçambicanos mas também dos portugueses residentes em Moçambique.”

“Sosseguei-o, que não era um problema de pessoas desaparecidas, mas também de comunicação, não se podia falar, mas quando conseguimos estabelecer a comunicação, de facto a situação não estava tão preocupante em termos de vidas de portugueses que estavam na cidade da Beira”, concluiu.

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