Tempo
|
A+ / A-

Saúde

Ordem acusa Ministério de "criar ilusão" de novo concurso para reforço de médicos

26 jun, 2019 - 17:11 • Agência Lusa

“É mais uma inabilidade e mais uma notícia falsa do Ministério da Saúde para enganar os portugueses", diz Miguel Guimarães.

A+ / A-

Veja também:


A Ordem dos Médicos contestou esta quarta-feira o anúncio feito pelo Governo relativo à "abertura de concurso” para 167 vagas em zonas carenciadas, considerando que é falso que haja novo concurso e criticando os incentivos que são dados.

“É mais uma inabilidade e mais uma notícia falsa do Ministério da Saúde para enganar os portugueses. É completamente falso que haja abertura de um novo concurso. É mais uma mentira”, afirmou à agência Lusa o bastonário Miguel Guimarães.

Também já hoje, o Sindicato Independente dos Médicos afirmou que os 167 médicos que o Governo anunciou na terça-feira que vai recrutar fazem parte das vagas do concurso lançado em maio e considerou que se trata de “publicidade enganosa”.

Na prática, as 167 vagas fazem parte de concursos já abertos, sendo que o Ministério da Saúde definiu, entretanto, quais as zonas carenciadas de recursos médicos.

Além de criticar a forma como o anúncio foi feita, tentando criar ilusões nas pessoas, a Ordem dos Médicos critica ainda a forma como estão a ser dados incentivos a clínicos para se fixarem em zonas periféricas.

“Só hoje já recebi várias declarações de médicos, mais de 20, por causa da qualificação das vagas como carenciadas. Com os incentivos [propostos] não vão conseguir resolver o problema das zonas mais periféricas, além de que muitos dos médicos, nesta altura, já escolheram as suas vagas”, afirmou Miguel Guimarães.

Na terça-feira, o comunicado do Ministério da Saúde referia-se a abertura de concurso para preenchimento de vagas.

Hoje, em resposta à Lusa, o Ministério esclareceu que o anúncio feito se refere à identificação de “167 postos de trabalho que, no âmbito dos concursos efetuados desde o início de 2019, conferem o direito à atribuição de incentivos de natureza pecuniária e não pecuniária”.

“Os médicos selecionados sabem que, pela celebração do contrato de trabalho, caso tenham escolhido/escolham um dos 167 postos identificados como vagas carenciadas, têm direito a um suplemento remuneratório, pago 12 meses por ano, durante 3 anos, correspondente a 40% do vencimento base da carreira”, refere a resposta do Ministério.

O bastonário encara a forma como este anúncio foi feito na terça-feira como uma eventual tentativa de contornar a polémica dos últimos dias relativa à proposta de encerramento rotativo dos serviços de urgência externa de quatro maternidades de Lisboa durante o verão.

Quanto a esse assunto, Miguel Guimarães garante que caso avance a rotatividade irá “responsabilizar a ministra da Saúde por qualquer coisa que possa acontecer a uma grávida”.

“Os erros políticos na área da saúde também têm de se pagar. Já chega os médicos e os enfermeiros serem o bode de expiatório”, declarou à Lusa.

Já na terça-feira, o bastonário tinha avisado que a situação nas maternidades é “muito mais grave e mais complexa do que aquilo que tem vindo a ser falado”, já que “todas as maternidades têm dificuldades” devido à falta de especialistas, sendo que quase todas dependem da contratação externa para poderem assegurar os turnos de serviço de urgência ou o apoio ao bloco de partos”.

No final de uma reunião com os diretores clínicos e de serviço de Ginecologia/Obstetrícia e de Neonatologia de toda a zona Sul do país, apontou como exemplo as maternidades dos hospitais de Faro, de Portimão, o Amadora-Sintra, O Santa Maria ou o São Francisco Xavier.

No total, são necessários em todo o país 150 especialistas em ginecologia e obstetrícia, dos quais 125 na região sul.

Como resposta imediata para o problema, Miguel Guimarães defendeu “uma política de contratação pública que funcione da mesma forma que funciona a contratação externa, seja para os médicos especialistas tarefeiros seja para os médicos do próprio hospital que poderão fazer mais horas extraordinárias, mas remuneradas de forma diferente”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+