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De como a maioria absoluta se transforma em maioria "sem bloqueios", segundo Carlos César

25 jun, 2019 - 11:20 • Susana Madureira Martins

O líder parlamentar do PS reivindica para o o seu partido, não para o PCP ou Bloco, a responsabilidade pelos resultados na economia. César assume "erros e omissões" do partido, mas pede uma "grande manifestação de confiança" dos portugueses.

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O líder parlamentar do PS considera fundamental uma vitória com "maioria expressiva" do PS nas eleições legislativas para evitar bloqueios e inércias e reivindicou para o o seu partido, não para o PCP ou Bloco, a responsabilidade pelos resultados na economia.

O PS tem evitado falar ou pedir a maioria absoluta nas eleições legisltivas de outubro, optando por fórmulas que vão dar exactamente ao mesmo. A mais directa, até agora, terá sido encontrada esta terça-feira pelo líder parlamentar.

Numa intervenção feita esta terça-feira nas Jornadas Parlamentares do PS, que se iniciaram na segunda-feira em Viseu, Carlos César elencou o que foi obtido pela actual maioria parlamentar - por exemplo, o aumento do Salário Mínimo Nacional ou o aumento dos rendimentos e pensões - para terminar dizendo que os socialistas contam "com a ajuda dos outros partidos, mas o PS precisa de contar mais, o PS precisa de ter mais força, para prosseguir este caminho sem bloqueios, sem constantes dificuldades, sem inércias".

César acrescentou que o PS precisa de "uma grande votação, de uma grande manifestação de confiança dos portugueses nas próximas eleições".

Numa nova sessão de humildade socialista, já ensaiada por António Costa, na comissão política do partido ou pelo ministro Pedro Nuno Santos, com o pedido de desculpas feito no parlamento, o presidente do PS falou várias vezes dos "erros" dos socialistas, argumentando que o balanço da legislatura "deve ser empreendido com muita humildade". César reconheceu "objectivos incumpridos que existiram", "acidentes de percurso que existiram", úteis para "detectar caminhos para prosseguir", fazendo tudo parte de uma via "para inovar".

Mas não se fica por aqui a sessão de humildade. O líder parlamentar diz mesmo que o PS teve "erros e omissões", mas isto traz uma vantagem na "relação com os portugueses", ou seja, "o reconhecimento daquilo que correu mal". E para César "só com base nesse reconhecimento" se pode "fazer melhor".

Resumo disto tudo: estes quatro anos foi o tempo de procurar as "maiorias necessárias" para "as melhores políticas", o próximo tempo é o da "vitória expressiva do PS nas próximas eleições", que irá permitir reforçar "as capacidades de fazer mais e fazer melhor".

"Alô, Bloco: Arnaut é património do PS"

Na senda de remoques ao Bloco de Esquerda - que são uma constante nas intervenções do líder parlamentar do PS - Carlos César a falar, de novo, da Lei de Bases da Saúde, "uma boa lei", diz, "que merece ser aprovada" pelos que criaram e defendem o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e sobretudo "pelo único partido que pode e deve invocar como seu o património fundacional representado por António Arnaut no SNS".

Desta feita, o líder parlamentar socialista a piscar o olho ao Presidente da República, referindo que a lei de bases "só não será aprovada se o radicalismo de alguns se sobrepuser ao objectivo de uma lei de bases que, não só não suscite bloqueios como o veto presidencial, como consolide princípios aceites e duráveis e não opiniões ocasionais partidárias".

O recado fica dado nas últimas jornadas do PS nesta legislatura, onde Carlos César tentou fazer uma despedida aos deputados "que não estarão na próxima legisltatura" - Fernando Rocha Andrade, por exemplo, já fez saber que não quer continuar deputado -, reforçando que "é normal que assim aconteça, o PS tem a responsabilidade de se renovar" e precisa de "novos entusiasmos que beneficiem o partido e contribuam para uma governação inovadora".

Alguns deputados presentes na sala terão percebido também que, mesmo que queiram, poderão não ter o lugar garantido nas listas do partido, cujos critérios de constituição irão ser definidos ainda esta semana na reunião da Comissão Nacional, a decorrer em Lisboa (na quinta-feira).

Quanto ao próprio César fica o enigma sobre o futuro. O próprio fez questão de deixar a dúvida no ar, dizendo que teve "muita honra no trabalho" que lhe foi confiado "na liderança" do grupo parlamentar, acrescentando que todos "fizeram o melhor" que podiam e sabiam e que tem "muita confiança" que "os outros o saberão fazer também ou melhor".

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  • Cidadao
    25 jun, 2019 Lisboa 20:11
    O PS e António Costa, são perigosos demais para terem Maioria Absoluta. Se em Minoria já se comportam de maneira arrogante, como se fossem maioritários, encostando o BE e o PCP à parede, então imaginem com Maioria Absoluta. Devia ser para reverterem as reversões de agora, e recuperarem a politica da defunta PAF, mas disfarçada com as falinhas mansas que abundam para aqueles lados...

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