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Professores velhos. OCDE diz que Portugal terá que renovar metade da classe na próxima década

19 jun, 2019 - 10:25 • Lusa

Segundo o mais recente documento extraído do TALIS 2018, o relatório da OCDE dedicado aos professores e às escolas, os professores portugueses têm em média 49 anos, mais cinco que os 44 em média nos países da OCDE que participam no estudo.

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Os professores portugueses são em média cinco anos mais velhos do que os seus colegas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), de acordo com um relatório desta organização que alerta para a necessidade de renovação de metade da classe docente na próxima década.

Segundo o mais recente documento extraído do TALIS 2018, o relatório da OCDE dedicado aos professores e às escolas, os professores portugueses têm em média 49 anos, mais cinco que os 44 em média nos países da OCDE que participam no TALIS.

O nível de envelhecimento da classe docente, uma das batalhas dos sindicatos em Portugal, é notório também nas comparações internacionais: o relatório indica que quase metade dos professores portugueses (47%) tem 50 anos ou mais, contra a média de 34% da OCDE.

“Isto significa que Portugal terá que renovar um em cada dois professores ao longo da próxima década”, aponta o relatório.

Apesar dos dados mais recentes, relativos aos últimos concursos nacionais de acesso ao ensino superior, mostrarem um desinteresse cada vez maior pelos cursos de educação que prestam formação específica para ensinar, 84% dos professores portugueses ouvidos no TALIS indicaram que a carreira no ensino foi a sua primeira escolha, muito acima da média de 67% da OCDE.

Os docentes portugueses afirmam que a maior motivação para a escolha da profissão foi a possibilidade de influenciar o desenvolvimento das crianças e o contributo para a sociedade.

Já o retrato tirado aos diretores escolares mostra que têm, em média, 54 anos (a média dos países que participam no TALIS é 52 anos), 23% têm mais de 60 anos e são maioritariamente homens.

A OCDE refere ainda que é possível retirar conclusões sobre igualdade de género no acesso aos cargos de topo no peso que homens e mulheres têm nos cargos de professores ou diretores.

Em Portugal não chega a metade (43%) a percentagem de diretores escolares que são mulheres, mas o corpo docente é composto em quase ¾ (74%) por mulheres.

Os números comparam pior com as médias da OCDE, que têm 47% de diretores mulheres e apenas 68% do corpo docente é do género feminino.

Quase 60% dos diretores afirmam ter completado formação específica para a função de administração escolar, e 45% dizem tê-lo feito antes de assumir o cargo.

Quase 20% dos professores portugueses inquiridos afirmam trabalhar com turmas com alunos com necessidades especiais.

A formação específica para trabalhar com este tipo de alunos é a área de formação mais indicada pelos professores portugueses (27%) como necessidade para o seu desenvolvimento profissional.

Quase metade dos diretores (48%) afirmam que a qualidade do ensino para estes alunos é prejudicada pela falta de professores com esta formação específica.

Comentários
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  • Carlos Silva
    13 ago, 2019 Caldas da Rainha 22:15
    Não se pode fazer um estudo que aborde os professores com mais de 50 anos...justamente sem os ouvir. Julgo que a Internet permite que todos se façam ouvir e essa possibilidade, pelo menos, não vou desperdiçar. Os professores mais velhos têm mais experiência, um olhar mais abrangente e profundo, menos linear, e são impermeáveis à burocracia, que é um refúgio para os mais novos. Dão aulas mais inspirativas e inspiradas, aulas únicas e não à maneira industrial, em série. Assemelham-se a um "artesanato de qualidade", aulas que permanecem na memória porque têm um valor acrescentado que não se repete, afinal como é a vida considerada na sua singularidade a cada momento. Temo que esta discussão apenas sirva para mascarar o grande problema das Escolas. o da indisciplina. Sobretudo, a grande falta de coerência na classe docente consiste em adotar uma atuação (in)coerente do género: " o telemóvel não se deve usar, logo o professor é o primeiro a dar o exemplo e ( não o)desliga!". Mas todos sabemos que não é assim. Muitos professores nem sequer sabem o que é a disciplina, muitos atuam como mentores do caos, da resistência, das causas perdidas com laivos idiossicráticos que o tornam parte do problema que era suposto saber resolver. Não se pode fazer gestão da sala de aula com indisciplina. A motivação ou gestão da sala de aula nunca pode ser vista como técnica para resolver a indisciplina. A disciplina é uma questão de legalidade democrática, existe uma lei e deve ser cumprida, por todos
  • Paulo
    23 jun, 2019 Barcarena 17:51
    Quando eu frequentei o 9º ano tive Francês com uma professora que deveria ter 60 anos (ou mais) e ainda por cima devia de ter "um FANATISMO"(uma "pancada") por Paris tanto que obrigou-nos a decorar todas a ruas e avenidas da cidade. É óbvio que nesse ano lectivo Reprovei com nota "1"(porque ela não atribuia "0") a Francês, quando no 7º e 8º ano eu era aluno de nota "5" (escala 0 a 5) e até os meus colegas que me acompanharam desde o 7º ano ficaram surpreendidos com essa nota, ou seja, se eu ERA MELHOR QUE ELES... Façam Testes Psico-Técnicos aos professores porque existem professores que nem deviam de leccionar ! Quanto aos alunos que agridem os professores, isso já é um assunto que tem de SER DENTRO DA FAMÍLIA e não na área escolar, e mesmo assim, para quê que serve a P.S.P. ? Só para passar multas ? E a P.J. ? Só para analisar "Casos sem Resolução"(questões de conveniência) ?
  • Cidadao
    19 jun, 2019 Lisboa 15:32
    Não sei é como vão fazer essa substituição. Costumam aparecer reportagens a falar em ordenados de 3 mil e tal euros, mas onde é "convenientemente" esquecido que esse ordenado é bruto, só para professores com 40 anos de profissão e no último escalão, já perto da reforma com 65 ou mais anos. Aqueles que pegam mesmo no batente, estão para aí há 15 ou vinte anos nos primeiros escalões, sem grandes perspectivas de efectivar, a ganhar menos de mil euros mesmo com Mestrado, constantemente de casa às costas, e onde o ordenado não chega para pagar alojamento e alimentação se forem colocados longe de casa. Acrescente-se a falta de perspectivas de carreira, as sucessivas vagas de fundo lançadas pelos governos para uma população com dor de cotovelo, a retratar os professores como uma "casta privilegiada" - a maioria dos comentadores quando fala dos professores, fala sem contraponto pelo que podem dizer as maiores barbaridades que o tuga invejoso engole tudo como um torrão de açúcar - o salário miserável nos 20 primeiros anos, estar longe de casa todos os anos, já para não falar na burocracia, na "educação" dos "índios" nem nos encarregados de "educação" que adoram "distribuir fruta" pelo professores - pelo menos a professores mulheres, ou já bem idosos que é a maioria da classe, pois se lhes sai um jovem, aí pensam 2 vezes antes de irem para a agressão - e depois admiram-se de começarem a faltar professores.

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