18 jun, 2019 - 13:58 • Filipe d'Avillez
O Governo da Eritreia mandou encerrar 22 clínicas de saúde operadas pela Igreja Católica naquele país, numa medida que deixa milhares de pessoas, na maioria mulheres e crianças em locais rurais, sem acesso a cuidados de saúde naquele país.
A Igreja Católica queixou-se formalmente ao Governo, dizendo que o encerramento das clínicas, que estão agora a ser guardadas por militares, não seria possível num Estado de direito.
Embora o Ministério da Saúde não tenha justificado a sua ação, a BBC diz que os especialistas calculam que a medida seja uma retaliação por um pedido de reforma política feito pela Igreja em abril.
Na altura a hierarquia católica na Eritreia pediu ao regime, liderado por Isaias Afwerki, que tome medidas para prevenir a fuga de cidadãos que procuram chegar a outros países, através da imigração ilegal.
Conhecida como a “Coreia do Norte de África” a Eritreia tem um dos regimes mais repressivos do continente africano. O país é gerido por Afwerki com pulso de ferro desde 1993, quando ganhou a independência da Etiópia.
As religiões não são poupadas à repressão estatal. Apenas quatro confissões religiosas são permitidas, sendo que todos os fiéis de outras confissões arriscam detenção imediata. Mas mesmo as religiões legais enfrentam dificuldades. A Igreja Católica, que representa apenas 4% da população, dividida entre católicos de rito latino e membros da igreja de rito oriental, tem sido alvo de algumas medidas, como o recente encerramento das clínicas, mas mesmo a Igreja Ortodoxa da Eritreia, a que pertence a esmagadora maioria da população cristã, tem sido controlada.
Em 2007 o Patriarca Antonios da Igreja Ortodoxa foi primeiro detido e depois deposto pelo Governo e colocado em prisão domiciliária, mantido praticamente incontactável. Um sucessor, Dioskoros, foi eleito em 2007, embora os apoiantes de Antonios tenham continuado a reconhecer o detido como legítimo líder da Igreja. Dioskoros morreu em 2015 e desde então o Patriarcado tem estado oficialmente vacante.