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França

Marine Le Pen vai ser julgada por partilhar atrocidades do Estado Islâmico no Twitter

12 jun, 2019 - 14:10 • Redação

Decisão judicial surge depois de deputados terem retirado imunidade parlamentar à líder da extrema-direita francesa, em novembro do ano passado.

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Um juiz em Nanterre, a oeste de Paris, ordenou que Marine Le Pen vá a julgamento por causa de uma série de tweets que publicou em 2015, mostrando imagens das atrocidades cometidas pelo autoproclamado Estado Islâmico no Médio Oriente, incluindo o corpo decapitado do jornalista norte-americano James Foley.

A notícia foi avançada pela AFP esta quarta-feira. O mesmo juiz já tinha indiciado a líder da extrema-direita francesa, em fevereiro de 2018, por ter posto a circular "mensagens violentas que incitam ao terrorismo ou à pornografia e que danificam seriamente a dignidade humana", disponibilizando-as numa plataforma que é usada por menores.

O crime pelo qual Le Pen será julgada acarreta penas de até três anos de prisão e multas que podem atingir os 75 mil euros.

Em dezembro de 2015 foi aberta uma investigação preliminar ao caso pela procuradoria francesa, face às publicações da líder da Frente Nacional poucas semanas depois dos atentados de 13 de novembro desse ano em Paris.

A decisão do juiz de Nanterre surge depois de a Assembleia Nacional ter aprovado, em novembro passado, a retirada de imunidade parlamentar à líder da extrema-direita por causa das três fotografias que a Le Pen partilhou. Em março de 2017, uma maioria de deputados no Parlamento Europeu já tinha retirado a imunidade à líder da extrema-direita francesa para possibilitar que fosse julgada no âmbito do mesmo caso.

"Isto só mostra aos cidadãos franceses o que a UE é, o que o Parlamento Europeu é e como fazem parte de um sistema que quer travar a candidata do povo francês que eu sou", reagiu a eurocética na altura.

Pouco antes, Le Pen tinha recorrido à imunidade enquanto eurodeputada para se recusar a ser entrevistada pela polícia no âmbito da investigação ao caso. "Estou a ser indiciada por condenar os horrores do Daesh [acrónimo árabe referente ao Estado Islâmico]", disse à AFP nessa altura. "Noutros países ser-me-ia atribuída uma medalha."

Entre as imagens que Le Pen partilhou no Twitter sob a legenda "Isto é o Daesh" contava-se uma fotografia do corpo decapitado de James Foley. No rescaldo dessas publicações, os pais do jornalista norte-americano exigiram que as imagens fossem todas removidas das redes sociais e acusaram Le Pen de estar a usá-las "de forma vergonhosa" para atingir os seus fins políticos.

Em setembro de 2018, a política francesa recorreu igualmente ao Twitter para expressar a sua revolta com o caso, após ter sido ordenada por um tribunal a sujeitar-se a uma avaliação psiquiátrica.

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