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Perturbações na Soflusa. Sindicato critica mestres em greve, acusa Governo de "privilegiar" um só lado

05 jun, 2019 - 17:01 • Ana Carrilho

A “ganância pessoal ou grupal” e pensar “só no nosso umbigo” não “leva a bons caminhos”, diz o Sindicato da Marinha Mercante num comunicado a que a Renascença teve acesso.

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O Sindicato da Marinha Mercante, Indústrias e Energia (SITEMAQ) acusa os mestres da Soflusa de serem responsáveis pelas perturbações nas ligações fluviais entre o Barreiro e Lisboa, ocorridas desde 10 de maio.

Em comunicado a que a Renascença teve acesso e que vai ser distribuído aos passageiros a partir de amanhã, quinta-feira, o sindicato lembra o “inferno” que foi o mês de maio e o que lhe deu origem, para concluir que “a vivência pessoal de todos nós já demonstrou que a ganância pessoal ou grupal, o só pensarmos no nosso umbigo, não leva a bons caminhos”.

O sindicato acusa os mestres de terem encetado uma greve sem pensar nos seus companheiros, “desrespeitando a estabilidade salarial negociada e acordada por todos até ao fim deste ano, abrindo um precedente que agora é difícil de controlar”.

Uma responsabilidade partilhada com o Governo e o Conselho de Administração da Transtejo/Soflusa, que decidiram “privilegiar um grupo profissional em detrimento de todos os outros (maquinistas, marinheiros, administrativos e comerciais), que são igualmente importantes para o transporte fluvial”.

Na sexta-feira, o Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade acordou com o Sindicato dos Transportes Fluviais e Costeiros um aumento de 60 euros no subsídio de chefia, exclusivamente para os mestres. Acordo que levou ao cancelamento dos cinco dias de greve previstos para esta semana e ao trabalho extraordinário.

Os outros trabalhadores da Soflusa não gostaram e os sindicatos estão a reagir. É o caso do SITEMAQ, que representa sobretudo maquinistas e justifica o pré-aviso de greve de duas horas por turno para dia 12 de junho com a necessidade de repor a harmonia salarial, fazendo com que “todos possam beneficiar de iguais aumentos salariais”.

O comunicado do sindicato frisa que a greve “pode e deve ser evitada, se houver o bom senso de encontrar uma solução que sirva todos e não apenas a alguns trabalhadores”.

Para tentar travar o protesto, o Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, já convocou os sindicatos para uma reunião na terça-feira de manhã, ou seja, na véspera do início da greve.

Ainda antes os diversos sindicatos vão fazer plenários. É o que acontece quinta-feira à tarde, o que obriga à interrupção das travessias entre as 13h25 e as 17h.

Ministro diz que críticas são injustas

O ministro do Ambiente considera injusto que os deputados falem em caos nos transportes fluviais.

João Matos Fernandes disse esta quarta-feira no Parlamento que os problemas da Soflusa aconteceram durante o período de greve. Entretanto, diz, os horários foram todos repostos e chegou-se a acordo com um dos sindicatos.

“Sinceramente acho injusto falar em caos, e acho injusto até para os trabalhadores. Nunca culpei ninguém. Os problemas da Soflusa que aconteceram a semana passada aconteceram durante um período de greve às horas extraordinárias. Teria sido bem pior esta semana se não se tivesse chegado a um acordo com um dos sindicatos, que permitiu levantar essa mesma greve.”

“Tenho as minhas limitações, mas palavra de honra que não consigo perceber como é que isto pode ser contrariado.”

O ministro acrescentou ainda que “o contrato de serviço público está muito perto de ser assinado”.

[Notícia atualizada às 17h51]

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