24 mai, 2019 - 14:28 • Redação
São 50 fotografias de vários locais do mundo, todas elas com o mesmo protagonista: o tubarão.
A exposição ‘Sharks’ tem a missão de dar ao público uma nova perspetiva sobre aquele que é considerado um dos maiores predadores do oceano. Ultrapassar mitos é o objetivo do trabalho de Brian Skerry, fotojornalista da National Geographic.
Apaixonado pela vida marinha no geral, e em particular pelo tubarão, o especialista dedicou mais de 10 mil horas de mergulho no fundo do mar para tentar encontrar as mais diversas espécies de tubarões. Para o fotógrafo, é importante que as pessoas compreendam que este animal aquático, afinal, não é o mau da fita.
Na inauguração da exposição esta semana, a Renascença falou com o biólogo Nuno Queiroz para tentar conhecer as espécies que os filmes não mostram. A pergunta de partida foi: um tubarão pode ser inofensivo? Nuno responde sem hesitação: “ Não ataca em 99% das vezes.”
“Há mitos injustos em relação ao tubarão. Esta espécie, apesar de estar no topo da cadeia alimentar, é cautelosa mas raramente ataca", explica o biólogo marinho. "Situações muito esporádicas podem acontecer à hora em que estão a caçar, mas na realidade os tubarões não querem nada com o Homem. Aliás, o Homem é neste momento o seu principal inimigo.”
Pelos corredores da exposição de fundo azul, ouve-se o mar. Ao longo das paredes podem observar-se fotografias de grandes dimensões dos tubarões, captadas pela lente de Brian Skerry.
Calcula-se que, por ano, cerca de 100 milhões de tubarões sejam apanhados em barcos de pesca acidentalmente, ou para comercialização das suas tão procuradas barbatanas.
Para Nuno Queiroz, o comércio animal é uma das grandes ameaças que o tubarão hoje enfrenta, correndo o risco de entrar em extinção. “A sopa de tubarão é um prato típico e o seu principal ingrediente é a barbatana. À custa de uma barbatana, milhões de tubarões morrem no mundo.”
Nos supermercados portugueses, a conversa é outra. Vende-se postas, mas nunca o tubarão inteiro. Segundo o biólogo, por cá “as pessoas não estão habituadas”.
Outra curiosidade pouco divulgada é que também existem algumas espécies de tubarão na costa portuguesa. O cação, por exemplo, é um tubarão que nada nas águas nacionais. “Até existem tubarões brancos”, revela Nuno Queiroz.
A exposição esteve, pela primeira vez, em Portugal no ano passado, no Oceanário de Lisboa, e regressa agora, desta feita à Galeria da Biodiversidade, no Jardim Botânico do Porto, com uma "shark cage" como novidade.
A jaula serve para simular os vários mergulhos de Brian Skerry durante o seu trabalho de campo e dá aos visitantes a oportunidade de ver tubarões a passar diante de si, tornando a experiência muito mais realista.
A exposição ‘Sharks’ pode ser visitada de terça a domingo das 10h às 18h, no Jardim Botânico do Porto, até 31 de dezembro.