23 mai, 2019 - 02:02 • Pedro Filipe Silva
A Incrível Almadense, em Almada, vestiu-se esta quarta-feira a rigor para receber um comício do Bloco de Esquerda diferente. Os oradores falaram no meio da assistência, num círculo, sem púlpito.
Marisa Matias focou-se no tema das pensões. A cabeça de lista bloquista às eleições europeias começou por lembrar que “foi o Bloco de Esquerda que confrontou diretamente PS, PSD e o CDS das suas intenções e dos planos obscuros de privatizar os sistemas públicos de segurança social a nível europeu”.
“Eles diferenciar esses sistemas em sistemas para pobres e para ricos. Nós queremos o sistema único, público, solidário”, declarou.
Marisa Matias rejeita que o dinheiro das pensões seja usado para outros fins: “chega de desviar o dinheiro que falta às pensões para quem o vai esconder nos paraísos fiscais, nos offshores, sem ter que mostrar nada porque a União Europeia favorece essa política permanente”.
Marisa Matias vai mais longe. “Nós não aceitamos que depois do dinheiro dos contribuintes ser usado para pagar as fraudes do passado, queiram agora usar o dinheiro dos pensionistas para pagar as fraudes do futuro”, sublinhou.
“Quem vive na precariedade vive com medo”
Antes de Marisa Matias subir ao palco em formato círculo, foi a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, quem tomou a palavra, num discurso sobre a precariedade.
Rapidamente apresenta uma justificação para falar deste tema: "quem disser que as eleições europeias não são sobre o emprego, está a mentir”.
Catarina Martins lembrou depois que “o combate à precaridade é a prioridade do Bloco aqui e na União Europeia”.
Continuou sublinhando que “quem está precário não sabe nunca como vai viver. Vive sempre na ansiedade imensa como é que paga as contas, como é que paga a casa, não sabe como pode descansar.
Quem vive na precariedade vive com medo” e logo a seguir um bebé chorou. Houve risos e logo a seguir a resposta de Catarina Martins: “e nós estamos a fazer tudo para que não seja ali o caso”.
A coordenadora do Bloco de Esquerda fez o já habitual apelo ao voto, desta vez aos trabalhadores precários. “A todos os que sabem como impera a lei da selva no trabalho. As eleições europeias são convosco, as eleições europeias são com os precários e as precárias", sublinhou.
Catarina Martins voltou à fórmula que já tinha usado no almoço-comício, no sábado, para mostrar que todos os votos são iguais. "O voto do trabalhador temporário no 'call center' vale exatamente o mesmo que o voto do CEO da Altice, o voto do bolseiro vale exatamente o mesmo que o voto do reitor que não lhe quer dar um contrato de trabalho, o voto daquela mulher que se levanta ainda de noite para apanhar o barco e ir limpar o banco vale tanto como o voto do banqueiro", elencou.