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​Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”

Interior tem que ter "oferta diferenciadora e estruturada" para os turistas deixarem riqueza no território

22 mai, 2019 - 21:57 • Ana Carrilho

Ideia foi deixada em Castelo Branco pelo secretário de Estado da Valorização do Interior, João Paulo Catarino.

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O Interior precisa do Litoral para se afirmar e o Litoral precisa do Interior para mostrar a diferença e diversidade. Mas se a oferta no primeiro já está consolidada, nos territórios interiores do país ainda há muito para fazer, reconheceu o secretário de Estado da Valorização do Interior, João Paulo Catarino, que participou no painel sobre o Turismo no Interior, no Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”, em Castelo Branco.

O governante considera que a melhor forma de estruturar a oferta turística é em torno de roteiros. Por exemplo, a Rota da A2, entre Chaves e Faro, as Aldeias de Xisto, as Aldeias Históricas, os Caminhos de Santiago. E criando condições para que as pessoas possam viver e trabalhar, além de atrair turistas. É um dos objetivos do Programa Valorizar, com 70 milhões de euros, a que só podem concorrer empresas do Interior.

Para João Paulo Catarino, é preciso dar incentivos aos turistas que chegam a Lisboa, Porto ou ao Algarve para também se aventurarem por outros destinos (ainda) menos turísticos.

“Têm que deixar retorno no território, não queremos que o Interior seja só uma sala de visitas para os turistas de Lisboa ou do Porto, o que exige uma oferta diferenciadora e estruturada. Os preços mais baixos, a qualidade, as paisagens, a boa gastronomia, vinhos, a autenticidade são alguns atrativos. O que temos é que levá-los (os turistas) a percorrer os caminhos de Portugal, depois de lá chegarem, querem voltar e trazer a família e amigos”, afirma o secretário de Estado da valorização Interior.

Universidades e Politécnicos ajudam a combater despovoamento e apostam na capacitação turística

Na opinião de Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, já ninguém vai para um destino só por “uma boa cama ou uma boa mesa”. Cada território tem que se posicionar para oferecer a melhor experiência a quem o visita e de preferência, atuar em rede, com parcerias.

O que também implica a existência de população. Por exemplo, na região Centro, muitos são os municípios que se debatem com problemas demográficos: muitos idosos, pouca gente em idade e ainda menos crianças.

No painel, o presidente da Câmara de Seia e da Comunidade Intermunicipal Beiras e Serra da Estrela deixou claro que não bastam os incentivos à natalidade, é preciso criar condições para que as pessoas venham (ou regressem) ao Interior, que tenham emprego e garantias que o seu futuro e da família está garantido.

“Estamos convictos que operacionalizando a capacitação das pessoas e dos territórios num sector como o turismo, vamos conseguir”, referiu Carlos Filipe Camelo.

Uma forma de contrariar o despovoamento é atrair jovens para as universidades e politécnicos. Por exemplo, o Instituto Politécnico de Castelo Branco tem atualmente mais de quatro mil estudantes e também há cada vez mais estrangeiros a procurar esta escola, revelou o presidente do estabelecimento de ensino, António Fernandes.

Por outro lado, a oferta começa a ser complementar e envolvendo todos os atores, referiu o presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco: há infraestruturas rodoviárias, marcas com atratividade como a Tejo Internacional, Naturtejo, Reserva Natural da Serra da Malcata ou a Serra da Estrela, a Cova da Beira. “E muito importante: o turismo passou a fazer parte das prioridades estratégicas dos autarcas.

Turismo científico: porque não?

António Fernandes diz que as autarquias também “puxam pela Academia” para que as possa ajudar com os seus programas de turismo. A ajuda pode vir com o desenvolvimento de novos produtos, melhoria das redes de cooperação e dos planos de comunicação digital das autarquias com os potenciais turistas, alterações nos currículos académicos. Mas também o desenvolvimento de “algum turismo científico na região”, fazendo programas conjuntos com as autarquias. Temos alguma obrigação, refere António Fernandes.

“Não nos podemos limitar a pedir algum apoio para a realização de um congresso internacional, mas inclusive, perguntar ao presidente o que quer apresentar a esse grupo de pessoas, que provavelmente visita a região pela primeira vez e que quer ter contacto com os tais “cheiros e sabores da região.”

Continuidade de políticas, precisa-se

O secretário de Estado da Valorização Interior referiu dois “handicaps” para o Interior: os incêndios de Verão, “que o Governo está a combater o melhor que pode”, e os fundos comunitários, nomeadamente na transição de quadros comunitários, que gera alguns obstáculos”.

Por outro lado, João Paulo Catarino defendeu a continuidade de políticas que resultam, independentemente dos governos, para dar maior estabilidade ao sector. “E no turismo tem havido, com uma correção aqui ou ali, tem havido”.

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