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Europeias 2019

Estatuto de Cuidador Informal. “Mais vale tarde que nunca”, diz Marisa Matias

17 mai, 2019 - 22:55 • Isabel Pacheco

Em Portugal estima-se que sejam 800 mil os cuidadores informais que vivem as mesmas dificuldades de Maria Luísa e do marido Jorge. Uma realidade que Marisa Matias quer e espera que, a curto prazo, se altere com a aprovação do estatuto.

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É Luísa Vieira quem abre as portas de sua casa no Porto a Marisa Matias, a cabeça de lista do BE às eleições europeias.

Há dez anos que Ziza, como gosta de ser chamada, cuida do marido que sofre de alzheimer. Há nove que foi obrigada a largar o emprego num supermercado. Por isso, quando é questionada sobre qual a prioridade na ajuda aos cuidadores informais, não tem dúvidas: “É o apoio financeiro e também o psicológico”.

“Os cuidadores não têm direito a absolutamente a nada”, explica a cuidadora que rapidamente faz-nos as contas da sua vida. “Tenho a pensão do meu marido que com as atualizações está em 440 euros mais 105 euros de complemento de dependência."

Mas as dificuldades não são apenas financeiras. Há um “desgaste emocional maior que o físico”, conta-nos Luísa que lamenta que, até, o descanso do cuidador no serviço nacional de saúde seja pago. “Mesmo que quisesse não conseguia pagar sequer uma semana”, garante.

Em Portugal estima-se que sejam 800 mil os cuidadores informais que vivem as mesmas dificuldades de Maria Luísa e do marido Jorge. Uma realidade que Marisa Matias quer e espera que, a curto prazo, se altere com a aprovação do estatuto do cuidador informal.

“É melhor tarde que nunca, e acredito que, em breve, se pode chegar a um acordo na comissão para termos a primeira versão do estatuto do cuidador informal, em Portugal”.

Apesar do otimismo, a eurodeputada não deixa de lamentar quando compara a realidade nacional com o resto da Europa. É que, ao contrário, de outros países europeus onde o estatuto avançou com a recomendação a nível europeu, “em Portugal foi preciso que estas pessoas [cuidadores] trabalhassem muito”. “É graças a elas que o processo está a avançar”, sublinha.

“Queremos que as multinacionais paguem os impostos nos sítios onde geram os seus lucros”

A Europa pura e dura entrou, sexta feira, na campanha do BE às eleições europeias com Marisa Matias a pedir a revisão profunda da legislação fiscal na União Europeia para o combate à evasão e à fraude para que não haja desculpas para mais austeridade.

“Quando disserem: Desculpem lá que temos de cortar nas pensões e nos salários porque os recursos são escassos. Desculpem porque temos de destruir o Serviço Nacional de saúde porque os recursos são escassos. Não são”, esclarece a eurodeputada que apresentou números da fraude fiscal na europa todos os anos. “ Um trilião de euros. Sete orçamentos comunitários. Sabemos onde está o dinheiro. Precisamos das leis para ir lá busca-lo”.

Para a eurodeputada, são os mesmos esquemas que prevalecem na europa que levam a que Portugal perca “todos os anos 780 milhões de euros em IRC para paraísos fiscais”. O equivalente, disse Marisa Matias “a quase uma década de aumento extraordinário de pensões”.

A comparação foi feita pela candidata que sublinhou o facto de isto acontecer “num país onde as pensões são tão baixas” e onde “há pressão da união europeia para não aumentar as pensões”. Por isso, Marisa Matias pediu “contas claras”. “Queremos pagamento de impostos claros e, sobretudo, que as multinacionais paguem os impostos nos sítios onde geram os seus lucros”.

Os apelos foram deixados pela cabeça de lista às europeias num comício em Aveiro. Antes, coube à líder do Bloco de Esquerda sublinhar a importância das eleições de 26 de Maio para vida dos portugueses e, sobretudo, dos trabalhadores ao trazer o tema aumento do salario mínimo nacional a debate.

Num discurso em que que reivindicou para o Bloco a conquista “arrancada a ferros” da subida do salario mínimo e, já a pensar nas legislativas, Catarina Martins avisou que “quem chegar atrasado ás eleições europeias chega atrasado em Outubro para aumentar o salario e os direitos”.

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  • Maria Luisa Vieira
    19 mai, 2019 Porto 21:03
    A pensão do meu marido são 410 e não 440 euros. Mais o complemento de dependência de 105

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