17 mai, 2019 - 13:47 • Filipe d'Avillez
O Papa Francisco aceitou esta sexta-feira a renúncia de um bispo brasileiro que está a ser investigado por uma série de crimes, incluindo o encobrimento de abusos sexuais praticados por um padre da sua diocese.
D. Vilson Dias de Oliveira tem apenas 60 anos, e estava à frente da diocese de Limeiras, no Estado de São Paulo, há pouco mais de 11 anos.
Segundo o site da Globo, o bispo está a ser investigado por três crimes diferentes. Um é o encobrimento de quatro casos de abuso sexual praticados pelo padre Leandro Ricardo, que foi entretanto suspenso das suas funções de pároco.
Mas D. Vilson é também suspeito de extorsão e de enriquecimento ilícito. Numa situação, segundo a Globo, o bispo terá exigido um “donativo” de mais de 11 mil euros ao conselho consultivo de uma paróquia. Um dos membros do conselho testemunhou que lhe foi dado a entender que o dinheiro seria para uso particular, nomeadamente para a compra de um imóvel. O conselho recusou o donativo.
Noutra situação, as autoridades apuraram que o bispo pediu a um padre a contribuição de perto de 900 euros que seriam para construir um poço na sua casa de férias.
O bispo nega todas as acusações de é alvo. Confirma que tem propriedades no valor de mais de 200 mil euros, mas diz que foram adquiridos com dinheiro de família e do salário que recebe enquanto bispo. Disse ainda que o donativo de 900 euros que pediu era por estar com dificuldades financeiras e que a denúncia sobre o alegado pedido de 11 mil euros à paróquia se deve à vingança do sacerdote da mesma, que queria nomear o seu próprio sucessor, contra a vontade do bispo.
Para além das investigações em curso na polícia brasileira, o Vaticano também está a levar a cabo as suas próprias indagações. Certo é que a partir desta sexta-feira D. Vilson deixou de ser bispo de Limeiras, tendo sido nomeado como administrador apostólico o arcebispo da Aparecida, D. Orlando Brandes.
O Papa Francisco tem sido muito firme na condenação tanto da prática de abusos sexuais por parte do clero como do seu encobrimento por parte de bispos e recentemente emendou a lei da Igreja para ajudar a lidar com casos que envolvam bispos.
Mas Francisco também é muito crítico de bispos e padres que se deixam envolver em escândalos financeiros, dizendo que a corrupção, mais que um pecado, é uma doença da alma. Em 2018 um outro bispo foi detido por desviar fundos da Igreja, em conluio com vários padres da diocese.