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Tondela tornou-se uma marca graças ao "futebol de primeira" e a população não a quer perder

17 mai, 2019 - 10:28 • Liliana Carona

Da barbearia ao talho, os comerciantes beneficiaram com a subida à I Liga do Clube Desportivo de Tondela, há quatro anos. Mas não foram os únicos a sentir o impacto de jogar com os grandes. No domingo, decide-se a manutenção e os tondelenses nem querem ouvir falar na possibilidade de derrota frente ao Chaves.

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Oiça a reportagem da jornalista Liliana Carona.

É um duelo decisivo no mundo do futebol. No domingo, o Clube Desportivo de Tondela vai decidir a luta pela manutenção na I Liga, num jogo frente ao Grupo Desportivo de Chaves.

O Tondela é um clube antigo, nascido a 6 de junho de 1933, da fusão de dois clubes locais: o Tondela Futebol Club e o Operário Atlético Clube. Ascendeu à I Liga na época de 2015/2016, depois de três épocas consecutivas na II Liga.

“Olha o cruzamento, olha o Tó Mané de cabeça, remate e goloooooooo”, grita António Pratas, o relator desportivo que já ensaia, para a Emissora das Beiras, a transmissão do ansiado jogo.

Aos 69 anos, a maioria deles dedicado à Emissora da Beiras como relator desportivo, assume que a subida do tondela à I Liga mudou o seu mundo da rádio. “Trouxe-me mais responsabilidades, o número de ouvintes é muito maior. No mundo inteiro, através da Internet, os nossos emigrantes querem ouvir e isso obriga a trabalho diário, muitas pesquisas, tenho que ter conhecimento prévio das equipas adversárias e isso ocupa-me e deixa-me feliz”, concretiza.

Também feliz está o talhante Paulo Fernandes, 47 anos, que tem já uma encomenda de mais de duas centenas de carne, para pôr na grelha, se o Tondela vencer o duelo frente ao Chaves. “São mais uns quilos que se vende de bifanas. O churrasco está combinado. Só para um evento são 40 quilos de carne, além das encomendas para cafés e roulottes, que apareceram com a subida”, conta à Renascença.

Paulo é fundador da claque do clube. Nos primórdios, era apelidada de "pica-paus amarelos", mas, há 10 anos, alterou-se a designação para "febre amarela", graças a um crescimento "mais profissional e com outra juventude”.

O talhante que toca bombo na claque do Tondela não foge a um prognóstico: “Vamos ganhar 1-0. Isto não é febre, é vírus que se entranhou.”

Passar fome de golos é o que não querem a barbeira Beatriz Gonçalves, 45 anos, e o seu jovem cliente Ricardo, de 14, porque faz toda a diferença o Clube Desportivo de Tondela manter-se na I Liga. “A nível de desenvolvimento, do turismo, o Tondela é falado por todo o lado”, diz Beatriz. Ricardo interrompe: "O Cláudio Ramos tem que defender.”

Ver a baliza e os golos do Tondela, faz parte do passado de Maria Ludovina, 82 anos. Hoje, prefere ficar em casa, mas sempe a torcer pela vitória. “Talvez não acredite, mas ainda nem fui ver o futebol. Antigamente, gostava de ir, chamava por eles todos, mas estes, os novos, nunca os vi nem falei para eles. Sofro em casa e sabe Deus como. Tondela nunca foi tão falada”, garante.

Maria Ludovina não vai sair de casa no domingo, ao contrário do relator António Pratas, que não falhe o carro, o há-de transportar, até ao Estádio João Cardoso. “Este carro já deu três vezes a volta a Portugal e vai dar a volta ao Chaves”, remata.

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