15 mai, 2019 - 14:32 • Redação
Já começaram os trabalhos de preparação do terreno para a construção de um aeroporto internacional a escassos quatro quilómetros das famosas ruínas incas de Machu Picchu, no Peru.
A obra tem sido alvo de muita contestação, com a maioria dos especialistas – incluindo arqueólogos e historiadores – a avisar que o impacto do aeroporto poderá matar a "galinha dos ovos de ouro" do turismo peruano, por causa dos danos causados pelos aviões ao sobrevoar as ruínas e dados os efeitos da construção e desenvolvimento na paisagem circundante.
“Esta é uma paisagem construída, há terraços e caminhos que foram desenhados pelos próprios incas. Criar um aeroporto aqui destruirá isso”, lamenta Natalia Maljuf, historiadora de arte na Universidade de Cambridge, que está a promover uma petição contra o empreendimento.
“Penso que não haverá um único arqueólogo ou historiador de importância a trabalhar na região de Cusco que não tenha assinado” a petição, garante Maljuf ao jornal britânico “The Guardian”.
Construído há 600 anos pelo poderoso império Inca, o Machu Picchu é um dos locais turísticos mais bem preservados do Peru e também um dos mais populares: em 2017, foi visitado por cerca de um milhão e meio de turistas, quase o dobro do limite recomendado pela UNESCO.
Ironicamente, ao mesmo tempo que prepara a construção de um aeroporto internacional para ajudar os turistas a chegar mais facilmente ao local, o Governo peruano anunciou a imposição de limites ao número de visitas a Machu Picchu, precisamente porque o excesso de pessoas estava a causar danos nas ruínas.
Os limites foram impostos após a UNESCO ter avisado que poderia incluir o local na lista de património ameaçado. Mas o anúncio da construção do novo aeroporto, obra a concluir até 2023, tem levado ao aumento de construção de infraestruturas hoteleiras, uma vez que se espera um crescimento no número de turistas.
O ministro das Finanças do Peru, Carlos Oliva, insiste que a construção é necessária. “O aeroporto vai ser construído logo que possível. Há uma série de estudos técnicos que apoiam a sua construção”, disse aos jornalistas no início deste mês.
Atualmente, a maioria dos turistas chega a Machu Picchu através do aeroporto de Cusco, que está nos limites da sua capacidade. Um aeroporto mais próximo da atração turística permitiria desanuviar Cusco e ligar várias cidades sul e norte-americanas ao local.