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Catarina Martins. É preciso "gelo nos pulsos" para lidar com Costa

08 mai, 2019 - 08:58 • ​​Marília Freitas​ , Miguel Coelho com Redação

O Bloco de Esquerda vai votar contra as propostas da direita para indexar uma salvaguarda financeira ao diploma que repõe a contagem integral do tempo de serviço dos professores. Catarina Martins diz que isso seria "voltar ao tempo da troika".

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Catarina Martins: "Gelo nos pulsos e fazermos por melhorar a vida das pessoas"
Catarina Martins: "Gelo nos pulsos e fazermos por melhorar a vida das pessoas"

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O Bloco de Esquerda (BE) não vai mudar o voto no diploma que contempla a reposição integral do tempo de serviço dos professores.

Em entrevista à Renascença, a coordenadora do BE, Catarina Martins, reitera que a posição dos bloquistas não mudou e que os deputados do BE sabiam o que estavam a votar na comissão da especialidade. "O BE não vai mudar nada do seu voto. Nós já votámos contra essas posições e vamos votar contra outra vez", garante.

O Bloco vai, por isso, chumbar as propostas do PSD e do CDS que pretendem impor uma salvaguarda financeira ao pagamento do tempo de serviço dos professores, apesar dos apelos da FENPROF para que a esquerda vote favoravelmente. "Tem algum sentido aprovarmos uma medida que não só anula a contagem integral do tempo de serviço como pode ser usada como desculpa no futuro para rever a carreira em baixa?", questiona.

"Estão a indexar um direito laboral ao programa de estabilidade, o que quer dizer que o próximo Governo pode negociar em baixa", argumenta a líder do BE, para quem isso significa "voltar ao tempo da troika", quando "os direitos em Portugal ficam presos a decisões tomadas em Bruxelas".

Catarina Martins considera que em causa está não só a carreira dos professores, mas todas as carreiras especiais da função pública e defende uma solução semelhante à dos Açores e da Madeira, que contempla uma reposição faseada até 2025. Martins crtitica as mudanças de opinião da direira e deixa um apelo a que "todos os partidos sejam coerentes e mantenham o voto" na votação final global do diploma.

Filha de dois professores, já reformados, a líder bloquista diz que esta polémica "já passa ao lado" dos pais, mas garante que conhece professores da escola pública e sabe "que a vida deles é dura".

"É fácil bater nos professores em Portugal e isso é grave", salienta.

Convidada no programa As Três da Manhã, numa semana em que são ouvidos os líderes partidários a propósito das eleições europeias, Catarina Martins recorda ainda a primeira vez que entrou no Parlamento. "Perdi-me, foi horrível. Passei uma vergonha". Conta que, depois de andar perdida nos corredores do Palácio de São Bento, teve de pedir ajuda a uma jornalista que conhecia e que a levou à sala do Bloco.

Questionada sobre se o BE estará disposto a integrar um Governo com o Partido Socialista, Catarina Martins deixa essa decisão para os eleitores. "Não iremos para o Governo a não se que o voto nos leve", afirma. Tudo depende, diz, da relação de forças no próximo Parlamento, porque "o Bloco não é flor de lapela de ninguém".

"Há uma coisa que eu aprendi nestes quatro anos: é gelo nos pulsos e fazermos por melhorar a vida das pessoas”, acrescenta.

A lei de bases da saúde foi outro dos temas abordados nesta entrevista à Renascença. Catarina Martins diz que o setor privado tem lugar na saúde “onde o SNS não tem reposta” e dá como exemplo os cuidados continuados e a hemodiálise. Catarina Martins admite que “aí o Estado deve recorrer aos privados”, mas salienta que a lei de bases não pode “alimentar a promiscuidade dos hospitais privados, que quererem mandar no SNS”.

Quanto às eleições europeias, o objetivo do Bloco de Esquerda é ter mais representatividade e relevância no Parlamento Europeu para ser o contrapeso dos populismo e do discurso de ódio que se multiplica à direita.

A Renascença entrevista esta semana os líderes partidários dos principais partidos concorrentes ao Parlamento Europeu. Assunção Cristas (CDS) foi a primeira, seguiu-se Jerónimo de Sousa. Rui Rio e António Costa são os próximos entrevistados.

Teatro, Parlamento e professores. Catarina Martins n
Teatro, Parlamento e professores. Catarina Martins n'As Três da Manhã
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  • Cidadao
    10 mai, 2019 Lisboa 11:18
    Todos os partidos - menos o PS, que esse foi arrogante e execrável do principio ao fim, não só por ter prometido primeiro e roído a corda depois, como enquanto falava ao país em "responsabilidade" e em "contas públicas em ordem" aprovava em segredo, um reforço de 1 000 milhões de Euros, a juntar aos 5 000 Milhões de Euros já orçamentados para transferir para a Banca, notícia que convenientemente passou despercebida neste frenesim - saem mais ou menos "queimados" nesta questão dos professores. A direita sai esturricada, por muito que agora tente justificar-se. Aliás a Cristas já percebeu a borrada que fêz, e anda bem calada pois sabe que por cá a memória é curta, o Rui Rio é que ainda não percebeu que quanto mais se justifica, mais se enterra. E a Esquerda-bengala do PS também não fica bem na foto, uns porque preferem perder tudo a apoiar algo que não controlam e outros a aproveitar os alçapões de segurança generosamente lançados pela Direita desnorteada, para "votar pelos professores, votando contra eles" e assegurando um lugar que até pode vir a ser ministerial, na Geringonça II. E o presidente não escapa. A capa do jornal I, diz tudo: o bom do Marcelo que por dá cá aquela palha, aparece a botar faladura por tudo e por nada, esteve estranhamente calado em todo este caso. Prefere deixar assentar a poeira para depois vir com os apelos à "reconciliação" e pelo fim da "crispação".
  • ze
    09 mai, 2019 aldeia 09:04
    Vai continuar a ser a bengala do PS nos mesmos moldes?
  • Filipe
    08 mai, 2019 évora 18:01
    O Nacional Socialismo da Alemanha contaminou os genes de muita gente na política ... outros dizem que os da Direita é que são Fascistas ... Mussolini também encarnou o antes Socialismo .... tudo uma farsa que engana eleitores .
  • Professor
    08 mai, 2019 5 de out 12:39
    Sim, é preferível não ter nada, que é o que vai acontecer na votação. Aí vais apontar o dedo à direita, entrar no jogo do passa-culpas, falar nos professores e dizer que "o BE foi coerente" .Assim salvaguardaste o lugar do BE na geringonça II e achas que vais manter os 19 deputados em Outubro. Aqui a atriz falhada, julga que já não a topámos à legua ...
  • João Lopes
    08 mai, 2019 10:21
    Expresso 4-5-2019, página 2: Portugal tem «a terceira dívida mais alta da Europa» (João Vieira Pinto (Diretor)

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