Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Turquia

Erdogan queixou-se de perder Istambul para a oposição. Agora haverá novas eleições em junho

06 mai, 2019 - 18:42 • Tiago Palma

"Este sistema que esmaga a vontade do povo e que desconsidera a lei não é democrático nem legítimo, é uma ditadura", acusa partido que venceu na primeira volta.

A+ / A-

Istambul vai novamente às urnas para uma repetição das eleições municipais em junho, depois de o Alto Comité Eleitoral (YSK) ter aceitado esta segunda-feira o pedido de anulamento dos resultados da primeira votação apresentado pela coligação AKP-MHP.

Embora a coligação entre o partido no poder, o conservador Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) do Presidente Recep Tayyip Erdogan, e o aliado ultranacionalista Partido de Ação Nacionalista (MHP) tenha alcançado a maioria dos votos a nível nacional nas eleições municipais da Turquia, acabou por ser derrotada pela oposição em Istambul e Ancara, as duas maiores cidades do país, esta última a capital, nas quais o AKP esteve mais de duas décadas no poder.

Prontamente, no começo do mês, o Presidente turco denunciou "irregularidades" nas eleições municipais em Istambul, exigindo a anulação das mesmas e a realização de uma nova votação.

Face às acusações, a polícia abriu três dezenas de investigações em três distritos de Istambul e mais de uma centena de presidentes de assembleias de voto e assessores foram convocados, na condição de suspeitos, para interrogatório. A coligação AKP-MHP acusa os funcionários das mesas de voto de minimizarem o número de votos dos seus candidatos ou de contarem incorretamente votos válidos como inválidos.

Depois de várias operações de recontagem parcial dos votos em Istambul e em Ancara, as autoridades eleitorais certificaram, a 17 de abril, os mandatos dos candidatos da oposição que venceram o sufrágio.

Porém, ainda faltava o comité eleitoral pronunciar-se. E apesar de Ekrem Imamoglu, que ficou à frente do candidato do AKP-MHP e ex-primeiro-ministro Binali Yildirim em Istambul, ter rejeitado as alegações de irregularidades tecidas por Erdogan e de acusar o AKP de ser um "mau perdedor", o YSK decidiu mesmo, esta segunda-feira, anular os resultados eleitorais na cidade e reagendar novo sufrágio para o próximo dia 23 de junho.

Em reação, o Partido Republicano do Povo (CHP) de Imamoglu acusou a “ditadura”, e não o Alto Comité Eleitoral, de ter decidido este novo sufrágio. “Pode haver eleições livres contra o AKP, não se pode é vencê-las", atirou no Twitter Onursal Adiguzel, vice-presidentre do CHP. "Este sistema que esmaga a vontade do povo e que desconsidera a lei não é democrático nem legítimo. Isto é pura e simplesmente uma ditadura!"

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+