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Santos Ferreira. "Não há créditos de favor" na Caixa Geral de Depósitos

01 mai, 2019 - 02:48 • Redação, com Lusa

Antigo presidente do banco público admite que houve erros durante a sua liderança e garante que nunca falou com José Sócrates sobre o convite para liderar a Caixa.

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O ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Santos Ferreira disse esta terça-feira, no Parlamento, que não houve créditos de favor no banco público e nunca viu nada que permitisse concluir que o empresário Joe Berardo foi tratado de forma especial.

"Nunca vi nada que permitisse concluir que essa pessoa que citou tivesse tido tratamento fora das regras", afirmou Santos Ferreira, em resposta ao deputado do PCP Paulo Sá, na comissão parlamentar de inquérito à CGD.

O presidente da CGD entre 2005 e 2008 repetiria depois a mesma ideia ao deputado do PSD Duarte Pacheco: "Nunca vi esse cliente em questão com tratamento fora do comum".

Santos Ferreira vincou que "não há créditos por favor" na CGD, considerando mesmo que isso seria uma "ilegalidade".

O empresário Joe Berardo tem sido dos clientes bancários mais referidos na segunda comissão de inquérito parlamentar à gestão da CGD.

Em 20 de abril, CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar dívidas de Joe Berardo, de quase 1.000 milhões de euros (962.162.180,21 euros).

“Não gostava de negar que houve erros”

Na audição desta terça-feira no Parlamento, Santos Ferreira admitiu que houve erros durante a sua liderança do banco público e disse que não gostava que passasse a mensagem de que descartava qualquer responsabilidade.

Ao longo da audição, Santos Ferreira por várias vezes falou do eclodir da crise como um acontecimento inesperado que levou a perdas em créditos concedidos e citou análises da Goldman Sachs positivas para a economia pouco antes do romper da crise para justificar que pouco o fazia prever.

Perante a conclusão da deputada do PS Constança Urbano de Sousa de que atribuía o que aconteceu na Caixa sobretudo a acontecimentos inesperados, o presidente da CGD entre 2005 e 2008 interrompeu para dizer que não negava a existência de erros na sua gestão do banco público.

"Não nego, também houve erros. Não gostava de negar que houve erros, era um período de euforia, tudo a correr bem e de um momento para o outro tudo desapareceu", afirmou. “Podíamos ser mais cautelosos? Se calhar podíamos", acrescentou.

Santos Ferreira diz que nunca falou com Sócrates sobre convite para banco

O ex-presidente da CGD disse aos deputados que a relação com José Sócrates era "normal", sem visitas a casa, e que nunca falou com o ex-primeiro-ministro sobre o convite para liderar o banco público.

"Eu e o engenheiro José Sócrates não somos visita de casa um do outro, hoje não temos relação, na altura da Caixa tínhamos a relação normal entre dois membros do mesmo partido, mas sem sermos visitas de casa, nunca falei com ele sobre este convite da Caixa", afirmou Santos Ferreira na comissão parlamentar de inquérito.

O presidente do banco público entre 2005 e 2008 pediu que as suas palavras não sejam vistas como um modo de "fazer piorar a situação" de José Sócrates, que considerou "extremamente complicada e delicada".

Santos Ferreira disse que, como presidente do banco público, com quem falava regularmente no Governo era com o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, e com o secretário de Estado da tutela.

Afirmou ainda que quando foi convidado para liderar a CGD não sabia que Armando Vara e Francisco Bandeira iam também fazer parte da administração, referindo que então não conhecia Bandeira e que conhecia Vara, mas não o via há cerca de 20 anos.

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