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São precisos “passos de bebé” até chegar ao desperdício zero

30 abr, 2019 - 08:30 • Redação

O National Geographic Summit 2019, no Porto, contou com a presença de vários oradores de renome. O plástico esteve no centro da conversa, com a pergunta de partida “Plástico ou Planeta?”.

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Claire Sancelot começou a reduzir seriamente a quantidade de lixo que produzia quando teve a primeira filha e percebeu como um bebé pode criar tanto lixo. A residir em Kuala Lumpur, Malásia, desde 2015, e em território asiático há cerca de uma década, reconhece que “no mercado asiático vivemos e nadamos em lixo”.

A ativista foi uma das oradoras da National Geographic Summit, que decorreu na segunda-feira na Casa da Música, no Porto. Partilhou experiências e memórias sobre os anos em que viveu em Hong Kong, onde iniciou o novo estilo de vida. Lá, diz Sancelot, “quase que podes sentir o lixo no ar”.

Desde cedo, quis incutir nas filhas hábitos de sustentabilidade. As três meninas cresceram desde sempre num ambiente de desperdício zero e, por isso, diz que "para elas é normal".

À Renascença, Claire Sancelot admite que é preciso dar “passos de bebé” para se conseguir chegar longe com o desperdício zero. Reconhece que não é fácil mudar tudo e que há momentos de frustração.

O negócio na Malásia

A chegada à Malásia, que não tinha nenhuma loja de desperdício zero, fê-la abrir o próprio negócio. Começou a vender produtos sem plástico, como escovas de dentes de bambu e copos menstruais reutilizáveis. Apesar de estar num país “muito conservador”, a ativista diz que tem “milhares de mulheres a comprar”, lembrando que estes copos duram até dez anos, o que se traduz numa redução económica muito grande.

Expandiu o negócio e agora já tem várias loja abertas em Kuala Lumpur e até distribui para supermercados. Também a comida é biológica, vem de uma quinta local, onde não são usados químicos. Os alimentos são vendidos na loja e consomidos em casa.

Conselho de ativista

Mas nem só o plástico é desperdiçado. Claire Sancelot sublinha que “a comida é desperdício, porque vai direta para o lixo”. E deixa um conselho, “ se colocarmos o resto da comida num recipiente opaco, esquecemo-nos dele no frigorífico, mas se for transparente, é mais difícil ficar”.

Aconselha a uma alimentação vegetariana ou vegan, uma vez que são menos poluentes e evitam grandes desperdícios de água e plásticos. Admite, porém, que em casa as filhas comem carne provenientes da sua quinta, até porque não sabe “se faz bem ou não às crianças” uma alimentação vegan.

Em entrevista à Renascença, a ativista francesa repete que um dos passos mais simples para fazer uma grande mudança no meio ambiente é a descompostagem, acessível a todos. Lança o desafio de três dias de “zero desperdício”, cujo objetivo é perceber o que cada um pode mudar em casa, não comprando, apenas reciclando e reutilizando.

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