25 abr, 2019 - 19:29 • Celso Paiva Sol , em Pequim
Primeiro, a tradição
Desde que em 1979 Portugal e China reataram relações diplomáticas, nunca os respetivos Presidentes deixaram de se visitar mutuamente. Foi assim com todos os chefes de estado portugueses, de Ramalho Eanes a Cavaco Silva, tal como foi assim com todos os homólogos chineses, a começar com Li Xiannian em 1984, até ao atual presidente Xi Jinping no passado mês de dezembro.
Já é considerada uma tradição diplomática, e Marcelo Rebelo de Sousa vai cumprir a sua parte.
Depois, o futuro
Assumir sem rodeios que a estratégia de crescimento da segunda maior economia do mundo tem vantagens que não podem ser desperdiçadas. É um comboio em marcha, que Portugal já decidiu que quer apanhar, sem ambiguidades e independentemente da opção ainda não ser consensual na União Europeia.
Dos 28, há ainda oito Estados-membros que não assinaram memorandos de entendimento bilaterais com a China, mas não será por isso que Portugal deixará de se envolver cada vez mais.
Com o Presidente da República vêm à China os Ministros dos Negócios Estrangeiros e do Ambiente e Transição Energética, bem como o secretário de Estado da Internacionalização, precisamente para darem sinais de intensificação dos contactos políticos e económicos. O grande passo já foi dado em dezembro, com a assinatura em Lisboa do memorando de entendimento entre os dois governos. Agora, a ideia é consolidar a relação.
Serão assinados acordos políticos, económicos e culturais, e no âmbito da visita de Estado o Presidente irá juntar alguns dos maiores investidores chineses em Portugal (à mesa no jantar de sábado estarão homens que já investiram seis mil milhões de euros no nosso país) e algumas das empresas portuguesas que mais têm trabalhado na China, como é o caso de celuloses, cervejeiras e construtoras.
Rota e Faixa
E o futuro está sobretudo na estratégia lançada por Pequim em 2013, que visa criar uma plataforma global de investimentos e oportunidades de negócios, do extremo oriente à Europa, passando por África. A reativação do conceito das originais rotas da seda, agora aplicado às necessidades da economia global.
E, seis anos depois, o que acontece por estes dias na capital chinesa, reflete bem a influência e dimensão que a iniciativa já atingiu.
Marcelo Rebelo de Sousa é apenas um dos 40 chefes de Estado e de Governo que participa no II Fórum Rota e Faixa, mas também cá estão ministros e outros altos representantes de mais algumas dezenas de países, o secretário geral das Nações Unidas e a diretora-geral do FMI.
Face à primeira edição em 2017, é notória a crescente adesão à estratégia chinesa
Nesse primeiro ponto de situação sobre como estava a correr a Rota e Faixa, Marcelo Rebelo de Sousa também tinha sido convidado, mas não foi a Pequim porque na mesma data ( 13 de Maio de 2017 ) estava a receber o Papa Francisco em Fatima.