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Guerra Colonial. Milhares de documentos da Marinha abertos ao público

20 abr, 2019 - 15:47 • Lusa

Correspondência trocada entre unidades militares e relatórios de comandantes são alguns dos documentos que agora podem ser consultados na Biblioteca Central da Marinha, na Cordoaria Nacional.

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Mais de um quilómetro de documentos foram desclassificados e estão agora acessíveis ao público, que pode consultar testemunhos das operações militares na Guerra Colonial ou relativos à saída de Timor Leste, revela a Marinha Portuguesa.

"Operações militares nas antigas colónias, ações de combate e planeamento assim como correspondência trocada entre unidades militares, relatórios de comandantes e interação entre as ex-colónias e a metrópole da altura" são alguns dos tipos de documentos que a Comissão de Desclassificação de Documentos decidiu tornar públicos, conta o tenente Mário Dias, da Marinha Portuguesa, à agência Lusa.

Nos dois últimos anos, a Comissão de Desclassificação de Documentos (CDD) analisou "milhões de documentos", na sua maioria relacionados com a Guerra Colonial, com ocupariam 1,3 quilómetros de extensão, explicou.

Foram quase todos desclassificados e estão agora acessíveis ao público na Biblioteca Central de Marinha – Arquivo Histórico, situado no edifício da Cordoaria Nacional, em Lisboa.

São "documentos classificados já com algumas décadas que são interessantes tanto para a história nacional como para muitos processos de investigação que decorrem em todo o país", afirmou o tenente Mário Dias, lembrando os milhares de documentos e informações que foram trocados durante a Guerra Colonial e que deixaram de ser secretos.

A saída de Portugal de Timor Leste ou os combates na India em 1961 – durante a invasão do Estado português da Índia pelas forças militares da União Indiana – são outros dos acontecimentos históricos que também se podem agora tornar mais claros, já que os documentos da Marinha foram desclassificados.

A maioria dos documentos analisados diz respeito a acontecimentos entre os finais da década de 50 até à década de 90 do século passado, sendo essenciais para ajudar "a contextualizar todas as últimas décadas da história nacional", explicou o tenente Mário Dias.

Também existem testemunhos anteriores a 1950, mas são numa percentagem mais insignificante, assim como são "uma percentagem mínima" os documentos que continuam secretos.

À Lusa, o tenente explicou que a CDD mantém classificados os documentos quando existe "superior interesse do Estado e dos cidadãos": "Se houver informação que possa perigar o interesse do Estado ou que haja cidadãos nacionais ali referenciados de uma forma ou de outra, a comissão analisa e manter classificado".

A Comissão de Desclassificação de Documentos começou a trabalhar em fevereiro de 2017, mas ainda tem muito trabalho pela frente.

Ainda há cerca de "dez mil metros lineares de documentação no arquivo histórico e outros 10 mil metros lineares no arquivo intermédio da Marinha Portuguesa" para analisar, contou o Tenente Mário Dias.

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