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Páscoa é quando a humildade triunfa sobre o triunfalismo, diz o Papa

14 abr, 2019 - 10:03 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

Francisco celebrou em Roma o Domingo de Ramos, assinalando a entrada de Jesus em Jerusalém dias antes de ter sido crucificado.

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O Papa Francisco descreveu este domingo o tempo pascal como aquele em que a humildade própria de Cristo vence o triunfalismo, que é obra do Demónio.

Falando durante a homilia da celebração do Domingo de Ramos, em Roma, Francisco refletiu sobre a forma como Jesus foi aclamado na chegada a Jerusalém.

“Na sua entrada em Jerusalém, também nos mostra o caminho. Pois, neste acontecimento, o maligno, o príncipe deste mundo, tinha uma carta para jogar: a carta do triunfalismo, e o Senhor respondeu permanecendo fiel ao seu caminho, o caminho da humildade”, disse Francisco.

“O triunfalismo procura tornar a meta mais próxima por meio de atalhos, falsos comprometimentos. Aposta na subida para o carro do vencedor. O triunfalismo vive de gestos e palavras, que não passaram pelo cadinho da cruz; alimenta-se da comparação com os outros, julgando-os sempre piores, defeituosos, falhados... Uma forma subtil de triunfalismo é a mundanidade espiritual, que é o maior perigo, a mais pérfida tentação que ameaça a Igreja. Jesus destruiu o triunfalismo com a sua Paixão.”

O Papa esclarece, contudo, que o caminho da humildade não é uma falsa humildade. Jesus aceita e alegra-se com as aclamações que recebe do povo, “mas, ao mesmo tempo o coração de Cristo encontra-se noutro caminho, no caminho santo que só Ele e o Pai conhecem: aquele que vai da ‘condição divina’ à ‘condição de servo’, o caminho da humilhação na obediência ‘até à morte e morte de cruz’. Ele sabe que, para chegar ao verdadeiro triunfo, deve dar espaço a Deus; e, para dar espaço a Deus, só há um modo: o despojamento, o esvaziamento de si mesmo.”

E essa atitude manifesta-se na sua plenitude durante a Paixão, o sofrimento a que Jesus é sujeito quando é detido, torturado e morto. “Nos momentos de escuridão e grande tribulação, é preciso ficar calado, ter a coragem de calar, contanto que seja um calar manso e não rancoroso.”

“A mansidão do silencio far-nos-á́ aparecer ainda mais frágeis, mais humilhados, e então o demónio ganha coragem e sai a descoberto. Será́ necessário resistir-lhe em silêncio, ‘conservando a posição’, mas com a mesma atitude de Jesus. Ele sabe que a guerra é entre Deus e o príncipe deste mundo, e não se trata de empunhar a espada, mas de permanecer calmo, firme na fé́. É a hora de Deus.”

Na sua homilia, o Papa dirigiu-se ainda de forma especial aos jovens, recordando que Domingo de Ramos é também o Dia Mundial da Juventude e fez uma referência indireta ao seu mais recente documento “Cristo Vive” sobre, e para os, jovens. Explicando que Maria, mãe de Jesus, foi a primeira a percorrer o caminho aberto por Jesus, Francisco apontou para o exemplo de muitos santos e santas jovens que se lhe seguiram. “Precedidos por Maria, incontáveis santos e santos seguiram a Jesus pelo caminho da humildade e da obediência. Hoje, Dia Mundial da Juventude, quero lembrar os inúmeros santos e santas jovens, especialmente os de ‘ao pé da porta’, que só Deus conhece e que às vezes gosta de no-los revelar de surpresa. Queridos jovens, não vos envergonheis de manifestar o vosso entusiasmo por Jesus, gritar que Ele vive, que é a vossa vida. Mas, ao mesmo tempo não tenhais medo de O seguir pelo caminho da cruz.”

O Domingo de Ramos é o último domingo da Quaresma. Na próxima semana começa o tríduo pascal, com a celebração da Última Ceia na quinta-feira, em que Cristo instituiu a Eucaristia, seguida da Sexta-feira Santa, o dia em que os cristãos recordam a Morte de Jesus. Na noite de Sábado realiza-se a vigília Pascal em que se começa a celebrar a Ressurreição de Cristo, no Domingo de Páscoa.

Comentários
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  • 14 abr, 2019 12:01
    oremos!

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