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Rui Rio não quer leis sobre nomeações de familiares e confia nas eleições

06 abr, 2019 - 13:27 • Henrique Cunha , Filipe d'Avillez

O líder do PSD diz que é muito difícil fazer leis sobre questões éticas e que em democracia o povo é quem avalia a prestação dos seus governantes.

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Rui Rio afirma que "quando a ética falha em democracia há sempre eleições".

Contrariando o Presidente da República que disse que se a ética não chega é preciso mudar a lei; o líder do PSD diz que "nunca na vida se conseguir resolver problemas éticos pela lei".

“Quando a ética falha em ditadura, não há solução possível. Quando a ética falha em democracia há sempre eleições. É basicamente isto, há a avaliação que o povo faz daquilo que um Governo, ou uma câmara municipal possa estar a fazer, e depois há o momento das eleições em que faz as suas escolhas. Agora, tentar resolver pela lei é muito difícil. Pode-se melhorar, pode-se fazer alguns ajustamentos, mas nunca na vida se vai conseguir resolver problemas éticos pela lei”, disse, à margem das jornadas autárquicas do PSD Porto.

Para clarificar o seu pensamento sobre as dificuldades em legislar, Rui Rio deixa alguns exemplos: “Posso dizer que não é possível um membro do Governo nomear familiares. Depois teria de dizer que os outros membros do Governo nomearem familiares de outros membros, depois teria de dizer que um vereador de uma câmara não pode nomear familiares de outros vereadores, daquela câmara ou de outras câmaras; que um presidente da câmara não pode nomear familiares de outros presidentes de câmara.”

“Como é que isto se faz? Ou seja, podemos apurar a lei nalguns aspetos, por exemplo, cada um não pode nomear familiares. Mas quem são os familiares? O pai, a mãe, os filhos, tudo bem. Mas e o sogro, sogra e o cunhado? Está a perceber? É muito difícil para ser concreto.”

Rui Rio também não concorda com a possibilidade de se procurar legislar em cima de um período eleitoral. “Antes das legislativas vai ser cada um a tentar ser mais violento que o outro e a tentar mostrar mais seriedade que o outro. É assim que conhecemos as coisas. Estamos num clima eleitoral para as europeias, a seguir logo para as legislativas.”

Ao defender a necessidade de se criar nova legislação o Presidente da República deu o exemplo da França que criou uma lei em 2017, mas o líder do PSD dá a entender que não foi a melhor solução: “Em França fez-se e noutros países se calhar também. E agora pergunto, fez-se bem? Resolveu-se? Temos um complexo de que o que é feito lá fora é bom e o que fazemos cá é mau. Não temos de ter esse complexo, lá fora fazem muita coisa mal e nós cá fazemos muita coisa bem.”

“Não é pelo simples facto de um país maior que o nosso ter feito de uma dada maneira, não quer dizer que eu ache que esse país fez bem”, atirou Rui Rio.

Comentários
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  • Cidadao
    06 abr, 2019 Lisboa 18:37
    Eleições? Esse é um processo que vocês políticos controlam. É inútil votar, com a Legislação Eleitoral como está. Por isso aumenta a abstenção, a cada Eleição. Se assim não fosse, Se as Eleições não fossem um circuito fechado, um mero pró-forma para dar um cunho de legitimidade aos mesmos do costume, escolhidos no segredo dos partidos, de acordo com o caciquismo local e que não representam verdadeiramente aqueles que dizem representar, já tínhamos conseguido correr com alguns políticos/deputados(?)que se passeiam sorridentes na AR como deputados das bancadas governo/oposição em lugar de estarem onde deviam estar, que é presos, ou no mínimo, afastados de todo e qualquer cargo público. Porque é que rejeitam votar em pessoas e não em partidos? Porque rejeitam haver independentes à sério - e não os travestidos do costume - a concorrer livremente a deputados? Porque não são os cidadao a escolher eles próprios quem os representa? Porque não há limitação de mandatos? Porque ... Porque... A lista de perguntas é tão grande que nem há caracteres disponíveis.

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