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Exortação "Cristo Vive"

Papa exorta os jovens: “Não se deixem enganar, eu confio em vós”

02 abr, 2019 - 11:00 • Filipe d'Avillez

A exortação apostólica do Papa para os jovens, divulgada esta terça-feira, está recheada de apelos diretos e apaixonados. Francisco quer que os seus leitores evitem as ciladas do tempo e da sociedade, agarrando-se à verdade.

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O Papa Francisco preocupa-se que a sociedade moderna possa retirar aos jovens a sua liberdade e exorta-os repetidamente para evitarem as ciladas e as tentativas de os condicionar.

São vários os pontos da exortação apostólica Cristo Vive, que foi lançado esta terça-feira, em que Francisco se dirige diretamente aos jovens leitores, utilizando uma linguagem franca e em tom de alerta.

“Um jovem não se pode sentir desanimado, é próprio dele sonhar coisas grandes, procurar largos horizontes, atrever-se a mais, querer conquistar o mundo, ser capaz de aceitar propostas desafiantes e desejar contribuir com o melhor de si mesmo para construir algo melhor. Por isso insisto, dirigindo-me aos jovens, para que não deixem que lhes roubem a esperança”, diz Francisco, logo no início do documento.

Mais à frente, no mesmo documento, o Papa volta a insistir neste ponto, desta vez alertando para o perigo de os jovens serem manipulados por vendedores de ideologias: “Não deixes que te roubem a esperança e a alegria, que te narcotizem para te utilizarem como escravo dos seus interesses. Atreve-te a ser mais, porque o teu ser é mais importante do que qualquer outra coisa. Não te serve ter ou aparecer. Podes chegar a ser aquilo que Deus, teu Criador, sabe que tu és, se reconheceres que és chamado a muito. Invoca o Espírito Santo e caminha com confiança até à grande meta: a santidade. Assim não serás uma fotocópia. Serás plenamente tu próprio.”

O Papa pede ainda aos jovens que não se deixem paralisar pelo medo e diz que não devem ter medo de arriscar, ainda que isso implique cometer erros. “Jovens, não renuncieis ao melhor da vossa juventude, não observeis a vida de uma varanda. Não confundais a felicidade com um sofá nem passeis toda a vossa vida diante de um ecrã. Tampouco vos deveis converter no triste espetáculo de um veículo abandonado. Não sejais automóveis estacionados, pelo contrário, deixai brotar os sonhos e tomai decisões. Arriscai, mesmo que vos equivoqueis. Não sobrevivais com a alma anestesiada nem olheis o mundo como se fôsseis turistas. Fazei barulho! Deitai fora os medos que vos paralisam, para que não vos convertais em jovens mumificados. Vivei! Entregai-vos ao melhor da vida! Abri a porta da gaiola e saí a voar! Por favor, não vos aposenteis antes de tempo.”

Mas da mesma forma que o Papa diz aos jovens para não terem medo de arriscar, alerta-os para não colocarem as expetativas apenas naquilo que passa. “Queridos jovens, não aceiteis que usem a vossa juventude para fomentar uma vida superficial, que confunde a beleza com a aparência. Saibam antes descobrir que há formosura no trabalhador que volta a casa sujo e desalinhado, mas com a alegria de ter ganhado o pão dos seus filhos. Há uma beleza extraordinária na comunhão da família à volta da mesa e do pão partilhado com generosidade, mesmo que a mesa seja muito pobre. Há formosura na esposa despenteada e envelhecida, que continua a cuidar do seu esposo doente, sem olhar às suas forças e à sua própria saúde. Mesmo tendo passado a primavera do noivado, há formosura na fidelidade dos casais que se amam no outono da vida, nesses velhinhos que caminham de mão dada”, diz, acrescentando que “descobrir, mostrar e pôr em destaque esta beleza, que se assemelha à de Cristo na cruz, é colocar os alicerces da verdadeira solidariedade social e da cultura do encontro.”

Por fim, numa secção dedicada à vocação para o matrimónio, o Papa insiste com os jovens que não desistam do amor a sério. “Não vos deixeis enganar por aqueles que vos propõem uma vida de desenfreamento individualista, que, por fim, conduz ao isolamento e à pior solidão.”

Quem o faz, diz o Papa, é porque não acredita que os jovens sejam capazes do melhor. “Eu, sim, tenho confiança em vós, por isso vos animo a optar pelo matrimónio.”

Não te prives da amizade com Cristo

Em comum a todos estes apelos está aquilo que os torna possíveis: uma profunda amizade com Cristo que vive. “Não prives a tua juventude desta amizade. Poderás senti-lo a teu lado, não só quando orares. Reconhecerás que Ele caminha contigo a cada momento. Tenta descobri-lo e viverás a bela experiência de saberes que estás sempre acompanhado”.

“Procurar o Senhor, guardar a sua Palavra, tentar responder-lhe com a própria vida, crescer nas virtudes, isso torna fortes os corações dos jovens. Para isso é necessário manter a ligação com Jesus, estar alinhados com Ele, visto que não crescerás em felicidade e santidade só pelas tuas forças e pela tua mente.”

“Assim como te preocupa não perder a ligação à Internet, cuida que esteja ativa a tua ligação com o Senhor, e isso significa não cortar o diálogo, escutá-lo, contar-lhe as tuas coisas e, quando não souberes claramente que deverias fazer, perguntar-lhe: Jesus, que farias Tu em meu lugar?”, conclui o Papa.

A exortação apostólica Cristo Vive surge no seguimento do sínodo dos jovens, que decorreu em 2018 e reuniu no Vaticano não só os bispos representantes das diferentes conferências episcopais, mas também

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