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QSP Summit. “Temos de tornar a cultura de trabalho numa coisa mais humana”

21 mar, 2019 - 18:37 • Daniela Espírito Santo

Especialista em comportamento humano defende que oferecer mais dinheiro não chega para cativar talento e que motivar os empregados é a única forma de uma empresa ultrapassar a crise.

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Daniel Pink é autor de diversos ‘best-sellers’ e um dos maiores especialistas mundiais no que diz respeito a trabalho, gestão e comportamento humano. Foi o primeiro orador do QSP Summit deste ano, na Exponor, e era um dos mais aguardados nomes do certame que se estende por dois dias.

Em palco, falou das diferentes formas de motivar empregados para obter melhores resultados e incentivou as empresas a darem às suas equipas um propósito que ultrapasse um simples ordenado.

Fora dele, o discurso é o mesmo: oferecer prémios já não chega para cativar e manter talento e as companhias precisam de mudar a sua forma de pensar o mais rapidamente possível.

“Acho que o maior erro das empresas é achar que a motivação é fácil e que só funciona de uma forma”, defendeu, em declarações à Renascença. “As empresas pensam que a única forma de motivar pessoas passa pelo sistema básico de recompensas e castigos quando, na verdade, a ciência nos diz que essa técnica só funciona para alguns tipos de trabalho. Parece que estão presas nessa forma de fazer as coisas”, salienta.

Mais do que dar um prémio a quem melhor trabalha, Daniel Pink defende que as empresas do século XXI são espaços onde se oferece autonomia aos colaboradores, bem como um sentido de propósito e alguma motivação. Mas, muitas vezes, quem deveria motivar pessoas não se sente motivado. “O que toda a gente precisa de perceber, seja nos cargos mais altos ou mais baixos, é que a motivação nem sempre é algo que uma pessoa dá a outra pessoa, mas é algo que as pessoas podem fazer por si", vaticina.

Como dar a volta à falta de dinheiro? Tornar as empresas mais humanas

Em Portugal, mais do que motivação e propósito, há alguns problemas complexos a resolver primeiro. “A economia portuguesa não tem tido uma evolução significativa há algum tempo, por isso há alguma fadiga. A demografia também não ajuda, porque a população está a envelhecer e muitos dos que estão na idade de trabalhar podem querer ir para fora", lamenta. Perante tal cenário, as empresas portuguesas precisam “com urgência” de “perceber como podem oferecer uma experiência tão boa” como as empresas “em São Francisco, Madrid ou Xangai”.

“Temos de tornar a cultura de trabalho numa coisa mais humana, numa coisa mais similar ao que os seres humanos são”, entende Daniel Pink, que acredita que, faltando dinheiro às empresas, a alternativa tem mesmo de passar pela motivação e por assumir as dificuldades.

“As organizações devem ser transparentes e dizer mesmo ‘Hey, é isto que estamos a pagar e não podemos fazer melhor. Estamos a pagar da forma mais justa que podemos’”, explica.

“Quando não tens muito dinheiro, tens mesmo de usar outras estratégias. Não tens outra hipótese. Não podes motivar as pessoas oferecendo-lhes mais dinheiro quando não tens dinheiro. Tens de oferecer outros tipos de motivação para além disso”, diz.

No entanto, esta fórmula é de tempo limitado. “Acho que as pessoas podem tolerar isso durante algum tempo, mas não para sempre”, reitera.

O QSP Summit é um dos maiores eventos europeus de marketing e gestão e decorre esta quinta e sexta-feira na Exponor, em Matosinhos. A 13.ª edição deste evento está esgotada e estima-se que, durante os dois dias, passem pelo recinto mais de 2300 pessoas.

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