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Cientista brasileiro que rejeita o ateísmo vence Prémio Templeton de 2019

21 mar, 2019 - 17:08 • Filipe d'Avillez

O cientista Marcelo Gleiser confessa-se agnóstico, mas admite que a ciência sozinha não é capaz de conduzir à verdade sobre a natureza da realidade.

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O Prémio Templeton para 2019 foi entregue esta semana a um professor brasileiro, que se torna assim o primeiro sul-americano a receber a prestigiada distinção, atribuída a pessoas que “contribuíram de forma excecional para a afirmação da dimensão espiritual da vida”. O prémio é acompanhado de um cheque no valor de cerca de 1,3 milhões de euros.

De acordo com a Fundação John Templeton, Gleiser venceu o prémio por ser “uma voz proeminente entre cientistas do presente e do passado, que rejeitam a ideia de que a ciência, por si só, pode conduzir às verdades sobre a natureza da realidade”.

“Pelo contrário, na sua carreira paralela de intelectual público, revela as ligações entre as dimensões históricas, filosóficas e culturais de estar vivo”, escreve ainda a Fundação.

Gleiser, que tem 60 anos, não é religioso, confessando-se agnóstico, mas critica o ateísmo por ser incompatível com o método científico.

“Considero que o ateísmo é inconsistente com o método científico, uma vez que é, essencialmente, a crença na não-crença. Pode não acreditar em Deus, mas afirmar a sua não-existência com certeza não é consistente do ponto de vista científico”, disse Gleiser, em 2018, com a revista Scientific American.

Gleiser é professor de Filosofia Natural e também de Física e Astronomia na universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos. O brasileiro, que é de origem judaica, admitiu ter ficado muito comovido com esta distinção.

Ao vencer este prémio, Gleiser junta-se a nomes como a Santa Madre Teresa de Calcutá, Alexander Solzhenitsyn, Desmond Tutu, o Dalai Lama, e cientistas como Martin Rees, John Barrow, George Ellis, Freeman Dyson e Paul Davies.

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