16 mar, 2019 - 15:23 • Lusa
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou este sábado ter a ambição de Portugal a crescer acima da União Europeia (UE) “pelo menos por uma década”, defendendo a continuidade da política que levou muitos a anunciar que “o diabo vem aí”.
“Queremos, pelo menos por uma década, continuar sustentadamente a crescer acima da UE e para isso temos de dar continuidade a esta política. Há três anos, foi o PS que disse que era possível estar na Europa e na Zona Euro e romper com a austeridade, apostando no emprego como a grande prioridade da política económica”, afirmou António Costa, num discurso para militantes socialistas em Matosinhos, distrito do Porto, antes de um almoço com a presença do cabeça-de-lista do PS para as eleições Europeias, Pedro Marques.
O líder socialista afirmou que “é preciso ter a memória bem viva” quando o PS disse que “era possível” romper com a austeridade: “Houve quem dissesse que não, que o diabo vinha aí e que não seria possível alcançarmos o que já alcançámos para Portugal”.
“Temos de dar força a esta mudança iniciada há três anos em Portugal [altura em que o Governo socialista tomou posse]. Pela primeira vez desde que aderimos ao euro, tivemos em 2017, em 2018 e estamos a ter em 2019, um crescimento superior à média europeia”, destacou o secretário-geral.
“A nossa ambição continua”, frisou.
Costa afirmou que, “há três anos, uns diziam: ‘Para romper com a austeridade temos de sair da zona euro’, ao passo que outros defendiam que, ‘se queremos manter-nos na zona euro, temos de continuar subjugados à austeridade’”.
“Foi o PS que disse não, que é possível estar na Europa, e na zona euro e romper com a austeridade”, vincou.
Costa afirmou que hoje, “desde o FMI [Fundo Monetário Internacional] às agências de ‘rating’, à Comissão Europeia e até alguma direita dizem que Portugal é grande exemplo de sucesso”. “Até acham que o sucesso é tanto que até devíamos ir mais longe do que nos comprometemos”, observou.
Ao falar nas listas do PS às europeias, Costa defendeu a necessidade de “erradicar a desigualdade mais profunda, que é a desigualdade de género”.
“Tem de acabar e vai começar também a acabar nestas eleições”, disse, explicando que a lista é “totalmente paritária”, não apenas por ser composta “em metade por mulheres e em metade por homens”.
“Vai intercalando sistematicamente homens e mulheres para garantir que a paridade existe também na eleição”, explicou.
Costa apelou ainda para uma “grande mobilização” nesta campanha.
“Para que estas europeias não sejam as eleições em que os outros ganham à custa da abstenção, mas em que o PS ganha à custa da votação dos portugueses na lista do PS”, justificou.
O secretário-geral socialista falou ainda para quem acha que “as Europeias não têm a ver com o nosso dia a dia” ou “que somos um país médio que conta pouco”.
“Estão enganados. Não é por acaso que este país teve sempre presidências marcantes, que tem conseguido ter portugueses nas mais altas funções, como é o caso do ministro das Finanças na presidência do Eurogrupo”, descreveu.
Costa recusa corrida de "soundbites" e aposta em programa social para Europa
O secretário-geral do PS recusou hoje “uma corrida de ‘soundbites’ e ataques pessoais” nas eleições europeias, frisando que os socialistas portugueses apresentam um programa comum com os socialistas europeus, no qual se encontra o “novo contrato social na Europa”.
“Não nos apresentamos numa corrida de ‘soundbites’ e ataques pessoais. Apresentamos com um programa comum com os socialistas da Europa e do qual faz parte um novo contrato social na Europa”, afirmou o primeiro-ministro e líder socialista, António Costa, num almoço com militantes e com o cabeça-de-lista do PS às eleições europeias, em Matosinhos, distrito do Porto.
Costa destacou, no programa do PS para as europeias de maio, “uma forte agenda social que aposte e dê prioridade à educação para todos”, bem como “à formação profissional e ao longo da vida para todos os adultos”, de modo a “capacitar todas as pessoas para as tarefas e a economia de amanhã”.
Do programa eleitoral do PS para as Europeias faz ainda parte, segundo Costa, uma “agenda assente no crescimento e no emprego”.
“Uma agenda que não acredita que nada se faça fechando de novo as fronteiras”, frisou.
O PS “sabe que é investindo na cultura e na ciência que temos as bases da sociedade do conhecimento”, afirmou António Costa.
“É investindo aí que podemos ter um crescimento sustentado. A inovação foi o que permitiu recuperar os setores do têxtil, do calçado ou a indústria agroalimentar”, destacou.
O líder socialista notou que Portugal “está a conseguir crescer sustentado nas exportações e não nos baixos salários”.
“Estamos a crescer e não é porque temos os trabalhadores a ganhar menos”, sublinhou.
Do programa socialista faz também parte “uma agenda para a sustentabilidade”, para responder ao “desafio das alterações climáticas”.
“Não é algo que só tenha manifestações daqui a muitos anos. Já as sentimos hoje, com os incêndios ou ameaças de novas cheias. Temos de travar desde já esse combate, sendo essencial melhorar a eficiência energética e um novo modelo de mobilidade nas grandes áreas urbanas”, afirmou.
Costa notou que é isso que está a ser feito “no governo, nas autarquias e nas Áreas Metropolitanas”.
“Hoje, a Europa faz-se da governação a vários níveis, local, nacional e europeu. Temos de alinhar as políticas em todos estes níveis. A descentralização de competências em matéria de transportes foi decisiva. Temos de alinhar também a política europeia pelos mesmos objetivos”, defendeu.
Para isso, observou, é preciso que o PS tenha “força na Europa”, para esta “ter uma nova orientação política”.