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Cardeal Barbarin renuncia ao cargo depois de condenação por encobrir abusos

07 mar, 2019 - 09:50 • Redação

Casos remontam à década de 80 e 90. Foi condenado a seis meses de pena suspensa.

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O Arcebispo de Lyon anunciou esta quinta-feira a sua resignação, horas depois de ter sido condenado a seis meses de prisão com pena suspensa por não ter reportado às autoridades as alegações de abusos sexuais de menores nas décadas de 80 e 90, levadas a cabo por um padre entre a comunidade de escuteiros da diocese daquela cidade francesa. Embora os abusos já tenham prescrito, o tribunal condenou Barbarin por não ter denunciado uma alegação aos mesmos que lhe chegou em 2014, numa altura em que ainda não tinha sido atingido o prazo de prescrição. A denúncia de 2014 dizia que "existiam sem dúvida outras vítimas".

Em França, ao contrário de Portugal, a denúncia de crimes de abusos sexuais é obrigatória.

Barbarin arriscava uma condenação até três anos de prisão e a uma multa de cerca de 44 mil euros, mas nas alegações finais o procurador tinha pedido a sua absolvição, alegando que não havia provas suficientes para demonstrar que tinha havido violação da lei, o que torna a condenação surpreendente. O advogado do arcebispo vai recorrer da sentença.

Os outros cinco acusados - dois bispos, um padre e dois leigos - foram absolvidos pelo tribunal.

Poucas horas depois da leitura da sentença o cardeal leu uma declaração em que manifestou a sua intenção de ir ver o Santo Padre para lhe apresentar a sua resignação. Cabe ao Papa decidir se aceita ou não. Num comunicado, a conferência episcopal francesa disse que não comenta a sentença, reconhecendo todavia o direito de Barbarin recorrer da mesma, e diz ainda que a sua decisão de resignar "parte da sua consciência".

Barbarin é o terceiro bispo francês a ser condenado em casos envolvendo abusos sexuais e o segundo cardeal eleitor no espaço de apenas alguns meses. É a mais alta figura condenada da Igreja francesa a ser condenado.

Os abusos sexuais referidos nese caso terão sido cometidos por um padre da sua diocese, Bernard Preynat, entre 1986 e 1991.

Preynat vai ser julgado no final deste ano.

[Notícia corrigida e atualizada às 12h35]

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