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Frederico Varandas: "Mercado de janeiro diz muito de como trabalhamos"

22 fev, 2019 - 18:27 • Redação

O presidente do Sporting diz que a sua direção herdou "um plantel desequilibrado, com jogadores sem minutos mas com uma massa salarial muito pesada". Varandas critica os gastos de Bruno de Carvalho e a falta de investimento na Academia, que tinha as mesmas infraestruturas de há 16 anos.

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O presidente do Sporting, Frederico Varandas, garante que a política de contratações do Sporting para o futebol está a mudar de forma radical, por comparação ao que era feito com o antecessor, Bruno de Carvalho.

Em conferência de imprensa, esta sexta-feira, Varandas assinalou que a sua direção herdou, de Bruno de Carvalho e Sousa Cintra, presidente interino da SAD antes das eleições, "um plantel desequilibrado, com jogadores sem minutos, mas com uma massa salarial muito pesada".

"Não é esta a visão que temos nem é este o plantel que idealizamos. Nós queremos ter um plantel equilibrado, obviamente em que hajam as grandes figuras, mas em que todos os outros jogadores possam jogar e apresentem qualidade. Ao mesmo tempo, com uma redução de custos. Como é que é possível fazer isto? Com competência. Trabalhando na formação e sobretudo com critério na seleção das aquisições", frisou.

Varandas realçou que foi essa a estratégia adotada no inverno, com a recuperação de Francisco Geraldes (emprestado ao Eintracht Frankfurt) e as aquisições de Luiz Phellype (Paços de Ferreira), Cristián Borja (Toluca), Tiago Ilori (Reading) e Gonzalo Plata (Independiente):

"Para ser sincero, este mercado de janeiro diz muito de como nós trabalhamos. Entraram cinco jogadores, saíram oito e o Sporting reduziu a folha salarial em 10 milhões de euros por ano. Sobretudo, a qualidade do plantel aumentou, pois todos os jogadores que entraram têm capacidade para jogar. E só os jogadores que entraram nas últimas semanas já jogaram mais minutos do que sete jogadores que saíram."

Varandas salientou, ainda, que "deixaram de existir jogadores pré-anunciados em capas de jornais que depois terminavam noutros clubes". O presidente do Sporting garantiu que ninguém da direção do clube "alguma vez há de receber um euro, um cêntimo de comissões".

Para usar a formação, há que a ter

Frederico Varandas demonstrou a ambição de ter uma equipa com base na formação. No entanto, assinalou que, para que isso aconteça, é preciso que haja mesmo formação a funcionar como deve ser:

"O nosso plantel terá de ser sempre a base da formação, mas temos de a ter. Não basta dizer que eu quero jogar com a base da formação. Têm de jogar os melhores e a nossa formação era a melhor. Se queremos voltar a jogar com a formação, aqueles miúdos têm de voltar a ser os melhores."

O presidente do Sporting revelou que, quando chegou ao clube, "a política da formação estava completamente desajustada":

"Nos últimos cinco anos, foram contratados 38 jogadores diretamente para a equipa B. Isto fez com que os miúdos daquelas gerações que subissem à equipa B perdessem espaço competitivo, para além de um desviar de investimento da formação para a contratação de jogadores."

"O que é curioso, ou não, é que nós temos um 'gap' anormal do número de internacionais entre os sub-18 e os sub-23. Se somarem os anos, lá estão os cinco anos [presidência de Bruno de Carvalho]. Mas o mais curioso é que desses 38 jogadores da equipa B nenhum chegou à equipa B. E o que todos constataram, que é ainda mais curioso, é que a própria equipa B desceu de divisão e decidiu-se acabar com ela", assinalou Varandas.

A formação de pernas para o ar

Frederico Varandas frisou que "a pirâmide da formação está invertida". O dirigente apontou que o Sporting tem "dezenas de miúdos na Academia que praticamente não jogam" e "plantéis demasiado grandes".

"Mas o abandono da Academia não foi só nos meios humanos. Foi também nas estruturas. Só para terem uma noção, o futebol profissional e, hoje, a equipa de sub-23 trabalha num relvado com mais de 16 anos de idade. A duração máxima de um relvado é de dez anos", assinalou.

O presidente do Sporting queixou-se de que os juniores e o futebol feminino "treinavam num campo sintético literalmente com buracos".

Frederico Varandas revelou, por exemplo. que os quartos onde dormem os atletas da formação têm "exatamente a mesma mobília completamente degradada e os mesmos colchões de há 16 anos".

"O Sporting num ano vendeu João Mário e Slimani e encaixou cerca de 70 milhões de euros. Tinham esse dinheiro e deixaram a Academia assim. Nós, mesmo nesta situação financeira, estamos a mudar campos, a expandir a Academia, a mudar os quartos dos miúdos. O futebol feminino profissional já treina num campo relvado com dignidade. Os juniores igualmente. Vamos acrescentar mais quatro ou cinco campos na Academia. Nem Roma nem a Academia se reconstroem num dia. Todas estas medidas vão ter frutos a médio, longo prazo. Não se compra na formação. Semeia-se, investe-se e depois colhe-se. Este Conselho Diretivo não acredita na sorte. Acredita no trabalho, no esforço, no conhecimento e na inteligência", atirou o presidente do Sporting.

Frederico Varandas tem um sonho: "A Academia é o pilar, é assim que vai ser. Eu tenho um sonho. Em 2022 a academia faz 20 anos e em 2022 não haverá nenhuma academia melhor do que a do Sporting."

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